Visita à Superintendência revela dificuldades

Do lado de dentro é possível entender um pouco melhor os problemas que acontecem do lado de fora

O serviço social é o setor responsável por conceder auxílios para os alunos de baixa renda no campus Cidade Universitária, Butantã. Foto: Beatriz Gomes

Por Beatriz Gomes

O Jornal do Campus visitou o Serviço Social da Superintendência de Assistência Social (SAS), que entre as principais responsabilidades estão a classificação e avaliação socioeconômica para concessão de bolsas do Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE) e a administração do Conjunto Residencial da USP (CRUSP).

Ao chegar no local, ouvimos comentários acerca dos processos de digitalização dos pedidos de bolsas, imposto este ano à SAS pela parceria entre Reitoria e a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI). O novo sistema colabora para abrir espaço no local destinado ao Serviço Social que, anteriormente, arquivava toda a documentação fornecida pelos estudantes que pediam bolsas, acumulando papéis.

Outros comentários ouvidos pela reportagem revelam problemas do novo sistema: documentos enviados que não abrem, que aparecem tortos na tela do computador, com diferentes dimensões, o que muitas vezes dificulta a análise.

A reportagem também ouviu declarações sobre as perdas com o processo de digitalização. Por exemplo: o aluno somente é entrevistado caso mande e-mail para a assistente responsável informando o desejo de passar por entrevista, ou caso a profissional não entenda a documentação e peça para o aluno ir pessoalmente explicar a situação.

Ao observar as salas, percebemos que há oito assistentes sociais, responsáveis pela análise de todos os pedidos de bolsas de calouros e veteranos no campus da Cidade Universitária. “Com a inserção do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o perfil da universidade está mudando. Anteriormente eram recebidos muitos alunos da capital paulista e do interior de São Paulo. Agora, há mais pessoas de escola pública e advindas de outros estados”, comenta alguém que conhece os processos burocráticos do órgão.

Outra pessoa comenta sobre os pedidos anuais, em relação aos quais a SAS estipula uma porcentagem do orçamento da universidade destinados ao PAPFE. Outras declarações são sobre a visão dos reitores com relação aos programas de permanência: “para eles, a permanência não é dever da universidade”.

Durante a visita, soubemos que este ano a SAS realizou um pedido à STI exigindo que no próximo ano todos os calouros que pedirem auxílios devem agendar, obrigatoriamente, a entrevista. No caso dos veteranos, que foram atendidos em algum momento, deveriam somente atualizar os documentos digitalmente. “É imprescindível que tenha a entrevista. Ela ainda é o instrumento primordial”, comenta outra pessoa.