Resistir é preciso!

Arte: Darlan Galvão

Por Jonas Santana

“Resistência” pode ser definida como “reação a uma força opressora”. Não à toa que essa é a palavra do momento. As universidades públicas viraram alvo do governo Bolsonaro, o que pode gerar um retrocesso irrecuperável ao desenvolvimento não só educacional, mas também científico brasileiro.

E não dá para ignorar o fato de que essa investida coincide com a mudança social no ensino superior público. O “chavoso da USP”, como ficou conhecido o estudante de ciências sociais Thiago Torres, é o melhor retrato disso e vem inspirando jovens da periferia para mudar ainda mais o retrato da universidade pública.

No entanto, não podemos nos esquecer que esses ataques não começaram neste governo e que as ciências humanas são as que mais vêm sendo vitimadas. Há três anos, por exemplo, a reforma do ensino médio aprovou a extinção das poucas aulas de filosofia e sociologia do currículo obrigatório, tornando-as apenas facultativas.

Não é preciso ir tão longe, não. Em agosto do ano passado, a Capes já havia divulgado que não teria como se manter com o teto imposto pelo Ministério da Educação à época, o que já ameaçava o futuro da produção científica do Brasil.

Mas quem dera se os ataques fossem vindos apenas do governo federal. Uma CPI está querendo investigar os chamados “gastos excessivos” das três universidades estaduais paulistas. Instituições que concentram mais de um terço da produção científica de todo o país.

Porém os ataques não são apenas institucionais. Nem nos campi da USP, que são uns dos ambientes conhecidos por serem progressistas, as pessoas transexuais estão seguras. O bandejão central, quem diria, um dos lugares mais frequentados pelos uspianos, virou cenário para transfobia!

Mas não gostaríamos de terminar este editorial com tamanho pessimismo. Até porque precisamos de esperança para resistir.

Existem histórias memoráveis do Filipe, estudante que infelizmente nos deixou há duas semanas. Nós, do Jornal do Campus, nos solidarizamos com amigos e familiares e esperamos que as melhores lembranças continuem presentes na memória de todos.

Em um contexto de ataques, a resistência se faz necessária. Seja pela ciência brasileira, pelas pessoas trans ou pelo Filipe. Precisamos resistir  ao retrocesso para que mais pessoas possam usufruir de uma educação pública de qualidade a qualquer área de conhecimento!