Universidades federais de SP têm problemas com cortes na educação

 

Manutenção de infraestrutura mínima da Unifesp de Diadema e Guarulhos pode acabar

Por Larissa Santos

Related image
Foto: ABC do ABC

O estado de São Paulo atualmente abriga três universidades federais em seu território, com campus espalhados do interior ao litoral. A Universidade Federal de São Paulo abrigou, no ano passado, 18.485 alunos entre graduação e pós, em sete unidades pelo estado. A Unifesp não escapou da onda de cortes no orçamento promovido pelo Ministério da Educação nas instituições de ensino superior.

A Associação Nacional dos Dirigentes dos Ensinos Superiores aponta o corte de 28,99% sobre a verba enviada para gastos discricionários na Unifesp. O que eles seriam? São despesas não obrigatórias, ou seja, que podem ser suspensas. O pagamento de servidores e aposentadorias, que são a grande fração dos gastos, não podem, segundo a lei.

A parcela facultativa, como contas de água, energia, bolsas acadêmicas e despesas ligadas às obras de infraestrutura dentro da universidade, os gastos discricionários, estão contingenciados. O caso do Campus Diadema é ilustrativo.

“A Unifesp vai continuar existindo, mas confesso que eu, como docente, me sinto apreensiva pela manutenção do campus”, começa a professora do Departamento de Ecologia, Laura Leal, da Unifesp de Diadema, mestre e doutora pela UFPE.

A unidade descentralizada tem 11 anos de existência e está espalhada pela cidades em três prédios alugados. Entre a Unidade José Alencar – Complexo Didático, onde acontecem as aulas teóricas e a Unidade José de Filippi, onde estão os laboratórios de pesquisa, são 5,2 km de distância. No meio do caminho, está a Unidade José Alencar – Prédio de Pesquisa, que está 4,8 km distante dos restante dos laboratórios do outro edifício

Para se estudar em Diadema, os estudantes precisam transitar todo os dias entre os prédios distantes, através de ônibus subsidiados pela universidade. “Não temos verba para renovar o contrato da empresa que faz manutenção desses ônibus, nem para o contrato dos motoristas que fazem esse serviço. Sem o transporte, não tem como os alunos transitarem entre prédios”, continua a Doutora Leal.

A falta de transporte público para os alunos é um dos problemas emergenciais. Nos campus, não se sabe também como ficarão serviços de limpeza, segurança e outros terceirizados. “Não temos certeza de renovação de contrato de quase nenhuma prestação de serviço para o campus no segundo semestre”.

Melhorias estruturais são sonhos distantes. Um projeto de construção de prédio único que centralizasse as três unidades de Diadema tem orçamento, mas não há certeza se a Unifesp conseguirá finalizá-lo.

Como interfere

Sem interferir diretamente em salários de docentes e funcionários, os cortes consegue abalar a comunidade universitária. A doutora Laura Leal comenta a preocupação dos corpo de professores de manterem a unidade funcionando com normalidade e a rotina de pesquisa. A suspensão das bolsas de pós graduação da Capes, de níveis 3 e 4, equivalem a grande parte dos programas feitos da Unifesp.

Enquanto no Campus Diadema, a comunidade segura a respiração pelas mudanças dos próximos meses, o Campus Guarulhos vem sofrendo pelos últimos anos. Pedro Cunha, estudante de Letras da Escola De Filosofia, Letras E Ciências Humanas e  Coordenador de Extensão do Centro Acadêmico do curso, conta que cortes vem sendo feitos desde governos anteriores.

O congelamento de gastos da educação de 2016 reverberou no corte de bolsas de permanência e na deterioração da qualidade do restaurante universitário. “O orçamento já não era suficiente; diante disso, ter mais um corte é assustador”.

O estudante de Letras revela que permanecer na universidade era uma dificuldade, que tende a piorar. “A tendência é ficar ainda mais difícil se manter na graduação daqui em diante. Sem o aluno conseguir chegar no campus, nem morar aqui ou se alimentar, é quase uma prova de resistência.”

A Universidade Federal de São Paulo foi contatada, mas não conseguiria enviar resposta até o fechamento do jornal.