Universidades na mira

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Na edição passada, o Jornal do Campus publicou uma matéria importante sobre o projeto de lei para a realização obrigatória de exame toxicológico em aprovados nos vestibulares de universidades estaduais de São Paulo, apresentado pelo deputado estadual do PSL Gil Diniz na Assembleia Legislativa de São Paulo no dia 26 de março. Oportunamente, a reportagem apontou que o projeto não tem base em nenhum dado confiável.

Também na ALESP, no dia 24 de abril, foi instalada a CPI das Universidades. O presidente da CPI, deputado Wellington Moura, do PRB, disse que o objetivo da comissão é investigar os gastos das universidades, mas admitiu que outros temas podem ser incluídos, como a possibilidade de cobrança de mensalidade para os alunos e a primazia do voto do governador para a escolha de reitores. Usou ainda a já batida retórica de que as universidades sofrem um aparelhamento da esquerda.

Era possível ter antecipado essa discussão? No jornalismo, muitas vezes, o movimento é posterior ao fato: corremos atrás da notícia. Mas toda essa efervescência na ALESP me faz pensar em como seria interessante se pudéssemos, de alguma forma, prever esse momento agudo para fazer uma cobertura mais aprofundada e de longo acompanhamento. A autonomia das universidades e o ensino universitário público de qualidade podem estar com seus dias contados. A USP, do jeito que ela é, pode não existir mais.

Todas essas movimentações duvidosas precisam ser vistas de perto e noticiadas exaustivamente. Seria ótimo se alguma equipe do JC pudesse ir à ALESP com frequência para registrar os protestos, os  bastidores das discussões e fazer perguntas espinhosas aos deputados envolvidos. Mais do que nunca, a comunidade universitária precisa se unir em defesa das universidades públicas – e o jornalismo é uma ferramenta essencial para isso.