Além do “mãos para o alto”

Por Thaislane Xavier

Quando fala-se em insegurança, a primeira coisa em que se pensa é criminalidade. Moramos no 9° país mais violento do mundo de acordo com a OMS. Seria ingenuidade acreditar que nos campus da USP não haveria violência. Mas a segurança de um universitário vai além disso e, sinto informar, está em situações não tão óbvias.

Grades em janelas. Barreiras em entradas. Catracas. Portas pequenas. A universidade se preocupa tanto em barrar a entrada que se esquece que precisamos da saída. O medo de que algo aconteça aos alunos por meio de agentes externos assola a todos, por isso a segurança universitária tenta evitar que pessoas “estranhas” tenham fácil acesso a suas dependências. Mas esquece, por outro lado, que essas mesmas medidas dificultam a saída em situações de emergência, como incêndios.

Setembro de 2019. Correm boatos de que há uma onça solta pela universidade que possui uma comunidade de milhares de pessoas. As funções continuam normalmente. Fazem piadas e brincadeiras com o assunto, mas nenhuma orientação é passada de como agir. O que se faria caso ela fosse encontrada num espaço de convivência? 

Noites de quinta. A famosa QiB acontecendo. Uma minúscula passagem de entrada e saída. Prainha cercada de grades por todos os lados. Ninguém, tampouco, sabe como agir em uma situação emergencial em que o local, porventura, precisasse ser evacuado com urgência. 

Salas de aula. Com grades nas janelas, impedem que um passageiro embarque por ali. Ao mesmo tempo impede que seus tripulantes fujam em casos extremos. 

Um refúgio seguro ou uma prisão sem saída? A universidade pode ser os dois. Seguimos torcendo para que continue sem incidentes e que os pequenos não ganhem proporções catastróficas. Carreguem seus amuletos da sorte no bolso, porque seguimos contando com ela.