Assalto ocorrido no campus escancarou o problema cotidiano de quem frequenta a unidade
Por Diego Bandeira
Dia 15 de agosto de 2019, oito horas da noite: um grupo de cerca de dez homens armados invade o campus da USP de Lorena, rende e amarra alguns seguranças e furta objetos de salas de aula e laboratórios da Universidade. A ação durou cerca de quatro horas e não deixou feridos.
Segundo o relato de alguns alunos, os assaltantes também roubaram pertences de entidades estudantis e danificaram seus espaços. Uma investigação mais detalhada está sendo feita pela Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária – órgão responsável pela segurança da USP – em conjunto com a Polícia Civil, para averiguar o que foi roubado, calcular o prejuízo e descobrir os criminosos envolvidos na ação.
Um assalto dessas proporções dentro do campus universitário é incomum, por isso o episódio foi um alerta para a falta de segurança que os alunos da USP de Lorena vêm enfrentando.
Vítimas
De acordo com Thiago Guimarães Lopes, que estuda na Escola de Engenharia de Lorena (EEL) desde 2016, a maioria dos estudantes da região vive com medo da violência, principalmente para ir às aulas e voltar para casa. “Fora da faculdade o medo e o terror são mais que comuns, ainda mais porque quase não há policiais em Lorena fora da praça principal”, explica Thiago. Ele foi assaltado na cidade e conhecidos passaram pelas mesmas experiências.
Grazielle Almeida, que estuda na EEL há menos de um ano, confirma que assaltos ocorrem com frequência na cidade e que, dentre as pessoas que já sofreram com tentativas de roubo, ela é só mais uma. A estudante diz que o trajeto entre sua casa e a universidade é preocupante e perigoso. “Não tenho coragem de fazer esse trajeto a pé ou de bicicleta, é impossível. Tem que passar por algumas áreas muito precárias”, explica a aluna, acrescentando que “a noite também é muito perigoso, tenho medo de andar 500 metros para chegar em casa”.
Medidas
A USP de Lorena vem buscando parcerias para aumentar a segurança de seus alunos. O Prefeito do campus, Carlos Alberto Santos, se reuniu com o secretário de Segurança Pública do Município, major Carlos Lescura, e com o tenente-coronel Lessa, da Polícia Militar (PM), para discutirem formas de enfrentar o problema.
O objetivo da direção da USP e da prefeitura do campus de Lorena é promover, através de parceria, maior aproximação entre USP, PM e GCM para ações integradas e ações preventivas eficazes.
Enquanto as novas medidas não entram em vigor, a alternativa vem sendo as caronas solidárias. “Elas são oferecidas por alunos ou professores que têm carro. Existem pontos no centro da cidade para isso e, conforme os carros passam, vão oferecendo carona”, conta Grazielle. Thiago diz que outra alternativa é o Uber, que passou a funcionar neste ano em Lorena.