Fadados à Terra

Apesar dos avanços da tecnologia, habitar outros planetas é inviável

Por Carolina Fioratti

Palestrante buscou abordar a Terra sob a “perspectiva cósmica”, ressaltando a nossa responsabilidade em cuidar dela. Crédito: Maria Eduarda Nogueira

“Não há lugar nenhum, pelo menos no futuro próximo, para o qual nossa espécie possa migrar”, disse Carl Sagan em seu famoso texto O Pálido Ponto Azul. Raphaëlle Haywood, astrônoma de Harvard, certamente concordaria com ele. Levando em consideração os rumos que o mundo está seguindo, pesquisamos outros planetas para ver se, algum dia, o homem conseguirá habitá-los. No entanto, a resposta é clara: não há para onde fugir.

Em palestra na USP, Raphaëlle explica que, para um planeta ser semelhante à Terra, é necessário que ele receba entre 30% e 100% de radiação luminosa que a Terra recebe, ou seja, deve estar próximo a uma estrela similar ao Sol, e ter meio menos um vezes o raio do planeta Terra. 

Calculando, tem-se que um em cada cinco planetas (21%) possui compatibilidade com o que vivemos. Seria pouco, caso não existissem 300 bilhões de estrelas na galáxia, totalizando 63 bilhões de planetas parecidos com a Terra. 

Apesar da tecnologia desenvolvida, segue sendo inviável e impossível chegar a tais planetas, pois eles estariam próximos de outros sóis – o mais próximo está a quatro anos-luz de distância, e os planetas que poderiam ser habitáveis, entre 50 e 3.000 anos-luz longe de nós. Seriam 50 anos viajando na velocidade da luz mas, como brinca a pesquisadora, apenas a luz é capaz disso.

Considerando a inviabilidade da viagem, é responsabilidade do ser humano olhar para os problemas da Terra e revertê-los, como é o caso dos recentes ataques à Floresta Amazônica. 

Os níveis de concentração de carbono sempre foram oscilantes, mostra a pesquisadora. Todavia, nos últimos 20 anos, alcançaram quase o dobro do maior já documentado. Mostrando algumas fotos de autoria da NASA, observa-se oceanos, florestas, nuvens e fumaça provenientes de queimadas na região. Raphaëlle ressalta a importância global da floresta e diz que estamos impactando o único mundo que temos.

Existe vida em outros lugares? De acordo com Haywood, provavelmente sim. Eles estariam interessados em nós? Provavelmente, não.