O tour com intercambistas da USP

 

Por Christian Villaverde

Oi pai e mai. Primeiramente, desculpem a demora. Vocês devem estar chateados comigo, eu sei que prometi que iria escrever com mais frequência, mas estas primeiras semanas em São Paulo estão sendo bem corridas, e mais ainda para um aluno intercambista como eu. Mas não se preocupem, eu estou bem. Aqui nos receberam com os braços abertos, e a própria Universidade organizou uns tours para nos mostrar o Campus da USP e a capital paulista, e foram muito legais.

A gente percorreu a cidade universitária de ônibus enquanto os guias nos contavam as histórias que cada recanto da USP abriga, como por exemplo o lago do Campus, um lago bem especial, já que você só consegue ver ele se tem o coração limpo e puro – evidentemente, eu consegui. Gostei muito também dum monumento a Ramos de Azevedo, um arquiteto brasileiro simbólico na cidade. Nos disseram que a estátua está orientada para o norte porque na época que foi feita, nos inícios do século XX, se pensava que São Paulo ia ser a cidade que lideraría a nação para o futuro. É curioso ver como essa época e concepção foram as que marcaram o desenvolvimento da cidade, a gente viu bem isso durante o tour. No centro, edifícios como o Itália, Copan ou Montreal representavam aquele anseio por converter São Paulo em uma cidade moderna. 

Os prédios altos e modernos se combinavam com os palacetes libaneses do bairro do Ipiranga ou as residências dos barões do café em Higienópolis, e dava para ver que a cidade tinha sido construída por gente de muitas diversas culturas e procedências. Nesse último bairro aconteceu outra das histórias que os guias nos contaram, a batalha de Maria Antônia, entre estudantes da USP e da Mackenzie, e que mostrava de jeito simbólico o contraste da cidade novamente. 

Cultura, arquitetura, procedência… São Paulo está cheia de disparidades e divergências. E às vezes também no sentido ruim, como a gente viu nas ruas que rodeiam o teatro municipal. Paradoxal é que essas desigualdades estejam gravadas em pedra dentro do próprio teatro, onde nos mostraram que a gente entrava pela primeira, segunda ou terceira ordem em função da sua profissão ou procedência social.

São Paulo é uma cidade enorme, e cada cantinho tem um relato detrás. Às vezes penso se todos aqueles imigrantes que ajudaram a construir essas histórias desde décadas se sentiriam um pouco parecidos comigo, quando cheguei aqui. Quem sabe se igual a eles eu também consigo fazer parte de alguma pequena história deste lugar?