Texto e imagem: espaços de ação

Primeiro, o reencontro com o jornal que acompanho desde seu início; nos últimos tempos mais esporadicamente. Sempre que passava no CJE, pegava um exemplar, curiosa de saber como andava o jornal laboratório; havia também o gosto de manusear as folhas impressas.

Dulcilia Buitoni. Crédito: Arquivo Pessoal

Fiquei contente com o que vi. Bastante consistência, boa variedade de conteúdo, matérias antenadas às nossas angústias atuais. Vou escrever um parágrafo inspirado no mexicano Carlos Fuentes em A morte de Artemio Cruz (um de seus mais belos romances, ponto alto das aulas de Literatura hispano-americana de Eduardo Peñuela para a primeira turma de Jornalismo da ECA): Ambiental: desintegração: resíduos: divergências: obscurantismo: educação: barreira: retorno: permanência: encolhimento: contestação: desmatamento: reciclável: transgênico: polícia: variação: alimentação: coletivo: desigualdade: biblioteca: emocional: ingresso: confiança. Palavras que indicam caminhos e descaminhos.

Examinei apenas essa edição; não comparei com nenhuma outra. Impressionada com o esforço para cobrir o micro e o macro, faço algumas observações. Desejo ainda dialogar pessoalmente com seus editores e repórteres. Questões fundamentais para a vida emergem: a educação como eixo, destruição ambiental, soja e não reciclagem de copos plásticos, contratação de professores, violência na universidade, sarampo, esportes. Eu gostaria de ter visto mais cultura. O JC apresenta temáticas que deveriam estar presentes em quase todas as edições: educação, desigualdade, meio ambiente, violência, saúde.

Os textos ganhariam se tivessem intertítulos, capitulares, quadros com resumos ou explicações; os títulos são um tanto longos. O design gráfico é bastante convencional; apesar de informativos, alguns infográficos estão muito pequenos. Finalmente, o meu foco nas imagens: fotos apenas identificatórias, sem alcançar uma dimensão de fotojornalismo. Vivemos na era da cultura visual. Precisamos explorar mais sentidos para a visualidade jornalística.

Dulcilia Buitoni, jornalista, pesquisadora e ex-professora da ECA