A fome de empreender das mulheres

Empresa Júnior de nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) possui toda diretoria feminina

Por Crisley Santana

Composta por diretoria, trainees e demais membros, a Nutri Júnior possui apenas um homem na sua atual configuração. Crédito: Caio Santana

Foi pesquisando sites de empresas juniores da USP que algo chamou atenção: uma delas é comandada somente por mulheres. Trata-se da Nutri Júnior, empresa gerida por estudantes do curso de Nutrição e, atualmente, com 11 mulheres compondo o quadro da diretoria. O fato pode demonstrar que o Movimento Empresa Júnior (MEJ) reflete a situação atual da participação feminina no mundo dos negócios. 

Segundo descreve em seu site, a Nutri Júnior surgiu em 2001, fundada por Georgia Castilho Russo, uma ex participante do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) e dona de um restaurante na zona sul de São Paulo. O projeto foi levado adiante por estudantes do curso de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e permanece funcionando. Oferece serviços como coffee break em eventos, rotulagem de alimentos e avaliação nutricional.

Parte da diretoria da Nutri Júnior USP, composta 100% por mulheres (11 no total). Crédito: Caio Santana

Mas por que só há mulheres atuando na diretoria? Para Elis Lima, presidente da Nutri Júnior, o fato está relacionado ao curso de Nutrição ser majoritariamente frequentado por mulheres. “Algumas salas chegam a ter 90% de meninas”. É uma forte evidência. Mas além disso, a empresa pode estar seguindo a atual tendência do mercado, no qual mais mulheres estão empreendendo. 

A pesquisa GEM Brasil 2015 (Global Entrepreneurship Monitor), por exemplo, mostrou que entre pessoas com menos de 35 anos que possuem um negócio, 15,4% são mulheres, frente aos 12,6% de homens. 

Seguindo essa tendência, um estudo sobre o MEJ mostrou que em 2018 a maioria dos membros que compõe as empresas juniores se reconhecem como pertencentes do gênero feminino. Foram 51,3% de mulheres, contra os 48,6 de homens. Os números foram expostos por um censo produzido pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, a Brasil Júnior, instância que representa as empresas juniores brasileiras. 

Empoderar e empreender

Em depoimento ao Jornal do Campus, a presidente da Nutri Júnior falou um pouco sobre como é estar em uma diretoria formada somente por mulheres. Para ela, estar inserida em um espaço como o MEJ, que possui expressivo número de homens, é uma grande oportunidade. “Eu me sinto privilegiada. Sinto que precisamos fortalecer a rede, com cada vez mais mulheres participando, especialmente em cargos de liderança”. 

“A Nutri Júnior é uma exceção por ter uma diretoria formada por mulheres. É uma super oportunidade de empoderar e encorajar mais meninas a empreender, a ter voz. Eu gostaria muito que outras mulheres tivessem a oportunidade que a gente tá tendo”, ressalta uma esperançosa Elis.