Equipes do CEPEUSP são trampolim para formados na EEFE

Treinadores da USP que se formaram nessa faculdade elogiam liberdade do ambiente universitário

Por Lígia de Castro

Créditos: Marcos Santos/ USP Imagens

A Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP fica localizada no mesmo quarteirão do Centro de Práticas Esportivas (CEPEUSP). É de se imaginar que seus muitos estudantes de graduação (atualmente 453) tenham o hábito de visitar e praticar no Centro. O interessante é que, mesmo depois de formados na faculdade, eles têm continuado a aparecer por ali.

É por gostar do ambiente, sim, mas é principalmente pela profissão. Muitos dos profissionais do esporte formados pela EEFE têm trabalhado nos times universitários como treinadores e muitos o fazem como herança dos tempos de graduação.

É o caso de Thiago Santos M. de Souza, treinador de natação da ECA e do grupo Catadinho equipe de natação que acolhe alunos de todas as unidades da USP, com enfoque maior no lazer do que na competição. Thiago conta que já trabalhava no esporte universitário desde muito cedo, e foi Diretor de Modalidade por três anos da Natação da EEFE. Formou-se recentemente, em 2018.

“Trabalho nesse meio desde quando era calouro, mas quando assumi meu primeiro time não acreditava que ficaria na área durante tantos anos”. Hoje, ele cursa Turismo na ECA e diz que foi graças ao seu ingresso na faculdade novamente que conseguiu se manter nesse trabalho. Para Thiago, o esporte universitário tem muito a ver com permanência.

Trampolim

Já Pedro Maximo Torres é treinador de futebol da Poli e da Seleção USP. Ele também vivia pelo CEPE quando era estudante: jogava futebol e futsal pela atlética da EEFE e pela Seleção USP, e formou-se em 2015. Disse para mim que muitos desses alunos usam o esporte e o treinamento universitário como “um estágio, um trampolim” para aprenderem como é lidar com uma equipe, em que pontos podem melhorar, e quais as responsabilidades que esses cargos trazem. 

“Mas o esporte universitário acaba se tornando mais do que isso: torna-se uma segunda ou mesmo principal fonte de renda, além de ser um ambiente em que temos maior liberdade para implementar ideias”, relata ele. 

Thiago e Pedro concordam que liberdade de ação é a principal vantagem: “É sobre o tipo de público com quem trabalho. Trabalhar no meio universitário é algo que realmente me motiva a acordar todos os dias de manhã”, conta Thiago. 

Pedro também ressalta que que, além de ser um ambiente em que se sente muito a vontade (pela sua leveza), está sempre dando treinos para amigos, em um lugar em que viveu muito durante a graduação e de que gosta muito. “Além disso, é um lugar em que estamos em contato com a nova geração da EEFE sempre, e podemos trocar informações, aprendizados e até indicações no mercado de trabalho”.

Há sempre prós e contras, no entanto. Thiago diz que um ponto negativo é a instabilidade do emprego. “Muitas vezes, ocorre redução salarial sem nenhum aviso prévio, o que prejudica muito a nossa programação financeira e as nossas contas, que não são poucas”.

 


E o pagamento?

Pode variar de equipe para equipe. Segundo Pedro Maximo Torres, ele normalmente é combinado pelo próprio time: “as equipes costumam fazer uma caixinha entre os participantes do time, e o valor arrecadado vai para o pagamento de campeonatos e da comissão técnica”. Vale de dinheiro à transferência bancária.

Em algumas equipes, no entanto, a coisa é um pouco diferente. Na Seleção USP (time indicado pelas atléticas da Universidade), é a Liga Atlética Acadêmica da Universidade de São Paulo (LAAUSP) quem fica responsável pelo pagamento.

Não é sempre que as Atléticas conseguem atuar. “Algumas atléticas, as maiores principalmente, conseguem dar algum tipo de auxílio para os treinadores e comissões com as festas. As menores, no entanto, geralmente tem que direcionar o dinheiro para outras coisas como inscrições e taxa de arbitragem”, conta Pedro.