Exercício de pintura: de polêmica a mistério

Vandalismo ou discórdia? Cartaz de intervenção sobre trabalho de pintura do CAP é rasgado

Por João Gabriel Batista

Crédito: João Gabriel Batista

Na passagem entre o Instituto de Psicologia e a Escola de Comunicações e Artes há um muro rente ao prédio do departamento de Artes Plásticas (CAP), sempre pintado. Muitos não sabem, mas os desenhos resultam de um trabalho coletivo do curso de Artes Plásticas que, neste semestre, gerou polêmica; pela polêmica, o muro foi encoberto por um cartaz; agora, o cartaz foi rasgado.

Desde o início do ano o muro, até então pouco notado, virou motivo de curiosidade para muitos transeuntes porque tinha um desenho singular: personagens infantis. O desenho do muro lembra memes que se notabilizaram na internet mostrando personagens deformados da Turma da Mônica em muros de escolas. 

Todos os anos, os alunos da disciplina Pintura e Espaço Público discutem e decidem em conjunto qual será a pintura do muro. “A gente começa com discussões e seminários sobre a questão da arte pública, num apanhado geral sobre esse tema. Enquanto isso, todos os membros da disciplina vão desenvolvendo projetos e no final a sala inteira vota”, contou uma aluna que participou. A votação da sala não foi unânime e rapidamente a polêmica cresceu.

Ao invés de dizerem o porquê desse tema, os alunos consultados pela reportagem preferiram deixar a resposta em aberto, privilegiando uma discussão a respeito do espaço público.

“Você já havia prestado atenção nesse muro antes? Por que só agora está prestando?”, questiona outra aluna da disciplina. Entrevistados pela reportagem  ressaltaram que a recepção da obra foi discutida em sala.

Embora os alunos que apoiaram o projeto previssem certa resistência, ninguém imaginava que de um dia para o outro o muro sofresse uma intervenção. Em meados de outubro, sem reivindicar autoria, foi colocada uma gravura por cima do desenho e escreveu-se em cima da pintura original.

Ainda se discutia a colagem quando, na sexta feira, dia 18 de outubro, a colagem foi rasgada. Resta agora aos passantes um muro resultado de um diálogo, uma briga, ou uma violência.

Crédito: João Gabriel Batista