Funcionários do IP alegam trabalhar em local trancado

Medida de segurança deixa empregados trancados na biblioteca; curtos-circuitos aumentam a tensão

Por Diego Bandeira

Crédito: USP Imagens

Um simples dia de trabalho está se tornando um verdadeiro tormento para os funcionários da biblioteca do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Além da falta de infraestrutura, novas medidas foram implementadas pela administração para, supostamente, aumentar a segurança das pessoas que lá trabalham. Porém, não é o que acontece. 

Quando a biblioteca do IP não está aberta para atendimento, o procedimento prevê que os empregados fiquem trancados dentro do prédio, sem ter a posse de chaves para sair.  

“Os funcionários ficam trancados sem saída de emergência, com janelas gradeadas. Nos sentimos constrangidos pelo fato de não confiarem em nós. Não podemos ficar com a chave do bloco durante nosso expediente de trabalho. Parece que somos delinquentes e não funcionários concursados”, explicou pessoa que prefere preservar a identidade.

Ela também comentou que está “muito abalada psicologicamente. Tive, inclusive, problemas de saúde por uma crise nervosa. Saber que você trabalha em um local onde não está seguro dá uma sensação enorme de impotência”. 

Outra pessoa que trabalha no IP contou que a medida afetou muito sua saúde. “Não fui informada sobre o procedimento, soube dele apenas quando já estava trancada. Ficar lá sem ter para onde sair em caso de emergência mexeu muito comigo. Depois tive de faltar, porque estava com palpitações, vomitando e com diarreia. Mexeu com meu emocional. Comecei a passar mal só de pensar que teria que enfrentar o aprisionamento novamente. Procurei um psiquiatra e ele me afastou”.

Curto circuito 

Como se isso não bastasse, dois curtos circuitos aconteceram recentemente no IP: um em sala de aula e outro na biblioteca. “Alguns professores estão alarmados e não querem dar aulas. A diretora da unidade amenizou a situação no último CTA, como se não tivesse sido algo grave. Um absurdo”, declarou outra pessoa que trabalha no local.

No dia 07/10 aconteceu outro curto-circuito na biblioteca. “No momento em que acenderam as luzes, saíram muitas faíscas da caixa de energia e um cheiro de queimado muito forte. Os disjuntores foram trocados, mas pode haver outros problemas, de acordo com o funcionário da manutenção”.

A reportagem do JC esteve pessoalmente no IP, mas foi informada de que a resposta da diretoria seria dada por e-mail, que não chegou até o fechamento da edição.