Seis Marias em uma, todas atletas

Aluna do IRI pratica várias modalidades esportivas e participa da gestão de atlética

Por Carolina Fioratti

Crédito: André Netto

Maria Silvia Prigenzi Moura Sales, um nome tão intenso quanto sua rotina. Ela poderia ser mais uma estudante de relações internacionais do IRI com aspirações políticas e sonhos diplomáticos. Porém, o amor pelo esporte a levou além. Maria não é apenas estudante, é Maria jogadora de handebol, tênis campo e futsal. É, inclusive, Maria diretora de modalidade do time de futsal. E não para por aí, pois há também a Maria presidente da Atlética Guimarães Rosa.

Segunda-Feira Acorda cedo. Levanta e se prepara para viajar. Os pensamentos não param. Como presidente da Atlética, pensa o tempo todo em suas funções. Ônibus logo cedo, caminho intenso de São Carlos até São Paulo, mas precisava ter estado com a família no fim de semana. Não chega logo. Aula às 13h30, tempo para almoçar? Não teve, algumas castanhas que estavam na bolsa servem de refeição. Treino de futsal às 17h, sem problemas a aula acabar às 17h10, sempre é possível chegar no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepe) a tempo. Em campo, varia de posição, as meninas estão sempre alternando, mas na maioria das vezes ocupa a posição de fixa. Joga futebol desde os sete anos, época em que os times em que participava eram mistos. Parou apenas durante o cursinho, mas sentia muita falta. No IRI reencontrou seu grande amor. Chute, cabeçada, defesa e gol. Fim de treino, hora de ir para casa descansar, mas será que ela para? Não, estuda até às 2h da madrugada. 

Terça-Feira Acorda às 8h. Levanta, toma café da manhã e realiza algumas de suas obrigações. Em São Paulo aproveita a manhã com menos correria, mas depende do dia, e sempre há metrô e circular até a USP, pausa para almoço, geralmente alguma comida rápida no meio do caminho. Uma geral na salinha da Atlética e aula às 13h30. Nesse dia, no Cepe, treina não apenas uma, mas duas modalidades, primeiro o tênis, das 17h às 18h. Começou a gostar da modalidade ainda no primeiro semestre, quando jogou no Bichusp. No interior não tinha a oportunidade de praticar, pois o dinheiro envolvido para material e aluguel de quadras era alto. Uma hora depois é a vez do handebol, para o qual se se dedica entre 18h e 19h, correria para chegar a tempo e dar seu melhor como goleira. Aí é voltar para sua casa e descansar. Ou não. Prova no dia seguinte, textos para ler, fichas para fazer, estuda, estuda, estuda. Mas não vê como algo ruim, treinar a deixa relaxada e de cabeça vazia para absorver melhor o conteúdo.

Quarta-Feira Acorda às 9h. Levanta, pensa na atlética, pensa na prova, pensa na família. Mas tem tempo de pensar? Precisa lavar a roupa. Realiza as obrigações. A metade da semana é marcada por maior calmaria, pelo menos no âmbito esportivo. Nenhum treino nesse dia. Mas e as outras funções? Aula das 13h30 às 17h10. Metrô e circular. Guimarães Rosa. O autor? A Atlética. O que faz a presidente? Eventos, produtos, gestão e acompanhamentos. Dinheiro que entra e dinheiro que sai. Até vender comida na salinha já serviu como saída para manter o caixa. Mas nenhum auxílio da Universidade e nem do Instituto, os alunos que se virem. “O esporte universitário não é levado a sério”. 

Quinta-Feira Acorda às 8h. Levanta e se recorda de que mora sozinha. Hora de arrumar a casa. As quintas parecem segundas. Aula no IRI às 13h30, término 17h10. Mas tem uma diferença: o treino de futsal só começa às 19h. Coincidentemente, nos encontramos nesse dia. Maria não é apenas jogadora, é também diretora de modalidade. Antes de conversarmos, realizou as obrigações, como levar bolas até a quadra. Maria faz tudo muito gosto, acredita no poder transformador do esporte e explica que o enxerga como algo que une as pessoas do curso, além de servir como alívio da graduação. O incentivo que recebeu de seus pais desde cedo se reflete na atleta e pessoa – ou pessoas – que Maria se tornou.

Sexta-Feira Acorda às 9h. Está acabando. Ou não. Levanta após poucas horas de sono. Sextas parecem terças. Na hora do almoço, Maria procura manter uma dieta balanceada, nada muito radical, não há um acompanhamento para atletas universitários. Faz o que estiver ao seu alcance apenas para manter o desempenho e condicionamento físico. mas como manter, sem ter tempo para comer? Aula das 13h30 às 17h10. O treino de tênis é mais extenso, corre pela quadra durante duas horas, das 17h às 19h. Mas o final, novamente, coincide com o handebol. Hora de pegar no gol entre 19h e 20h. Maria não se importa com a rotina corrida e apesar das várias atividades de corpo e mente, consegue conciliar as obrigações. Depois do treino, ir para casa e aguardar o final de semana. Será que vai descansar?

Arte: Ligia Andrade