“Defensivos” agrícolas beneficiam poucos e prejudicam muitos

Produtividade brasileira cresce com aumento adequado de área plantada, não com venenos

Por Isabella Velleda

Foto: Pxhere

Embora o uso de agrotóxicos tenha aumentado no mundo inteiro, no Brasil esse aumento foi maior do que em qualquer outro lugar. E segundo Larissa Bombardi, professora do Departamento de Geografia (FFLCH-USP), isso não se refletiu na produtividade: “Se a gente olha a produção de soja, ela tem crescido em função do aumento da área, e não da produtividade.” Hoje, o plantio de soja no Brasil ocupa um território equivalente ao da Alemanha.

E mesmo com tantos esforços voltados para a produção agrícola, o Brasil regrediu a patamares inferiores de segurança alimentar, retornando ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A razão para isso, segundo Larissa, é que houve uma diminuição significativa das áreas de cultivo de arroz e feijão, por exemplo, que regrediram 40%. Em contrapartida, as áreas de soja dobraram.

E o governo não é isento nessa história. Para Larissa, o seu papel é mediar os interesses dos grandes produtores rurais e das grandes indústrias produtoras de agrotóxicos, sediadas em países da União Européia e nos Estados Unidos. Essas indústrias fazem lobby nos países da América Latina, que são mais permissivos, vendendo substâncias que são proibidas nos seus países de origem.

Para o governo, “é vantajoso no sentido de que está ‘selando’ a inserção do Brasil na economia mundializada dessa forma subalterna, exportando sobretudo produtos agrícolas e agropecuários, beneficiando uma pequena classe, que é essa dos grandes proprietários de terras”, conclui.