Reaberta vivência do DCE

Após reforma, projeta-se o fortalecimento das ações dos alunos, com geração de renda e disponibilidade de locais

Por Giovanna Stael

Dia da reinauguração da vivência do DCE. Foto: Juliana Godoy

Um prédio grande bem ao lado do bandejão central gerava curiosidade em quem passava e via tantas portas fechadas. O espaço, antiga vivência do Diretório Central dos Estudantes, foi abrigo de gráfica, lanchonete, ótica, banca de jornal e sebo; tanta coisa acontecia ali que havia mais de duas entradas. Fechado em 2012 após um acordo da gestão do DCE com a reitoria e a promessa de uma reforma, o prédio teve grande parte do espaço inutilizado nos últimos anos, mas agora foi completamente reinaugurado.

Por isso, o dia 30 de outubro foi histórico: as chaves voltaram para as mãos da entidade representativa dos estudantes. A resposta positiva veio do vice reitor, o professor Antonio Carlos Hernandes, que anunciou a devolução do espaço precedida de reforma estrutural. A conquista foi resultado de um longo processo de mobilização do movimento estudantil, que vai desde ocupações do prédio até a formação de um Comitê de Defesa dos Espaços Estudantis, unificando a luta de diferentes centros acadêmicos e pressionando a reitoria. 

Em entrevista ao JC, Ana Luísa Tibério, diretora do DCE Livre da USP, conta que a gestão Nossa Voz, eleita pela 1ª vez em 2018, sempre pautou fortemente a questão dos espaços e sua administração pelos estudantes: “Entendemos que esses espaços são um instrumento político. Além de muitas entidades tirarem seu sustento por meio deles, são lugares de acolhimento e permanência”. 

Luta continua

Com o fortalecimento do comitê em defesa dos espaços, foram articulados mecanismos jurídicos, como uma audiência no Ministério Público, trazendo argumentos legais, e uma frente de mobilização coletiva dos estudantes.

Sobre os próximos passos, Ana conta que o DCE pretende iniciar uma campanha de arrecadação de verbas e móveis para mobiliar o lugar, que tem quase mil metros quadrados. “Combinado a isso, temos que fortalecer a luta em defesa de todos os espaços pra todos os CAs terem autonomia sobre eles, e para que a gente consiga ter sede do DCE nos outros campi”.

A ideia é que o espaço sirva para abrigar, além de lanchonete, uma gráfica, salas de estudo e ceda locais para entidades que não o possuem. “É um espaço gigante, pode abarcar muitas atividades e demandas. Queremos ter um espaço físico na vivência onde todos possam deixar suas críticas e ideias”, explica Ana. 

Além disso, pretendem levar atividades culturais como shows e exposições, e possibilitar que seja um local de descanso e integração para os estudantes. “É uma questão de permanência, principalmente pensando na localização da vivência, bem ao lado do Crusp. Queremos pensar conjuntamente com os moradores para que possam aproveitar o espaço até mesmo nos fins de semana; depois do corte do passe estudantil dos moradores, muitos ficam sem opção do que fazer dentro da USP”.