Semana da Consciência Negra na FFLCH debate a situação da população

No final de novembro, palestras e discussões foram organizadas nas áreas de cultura, educação e trabalho  

Por Diego Bandeira

Foto: Diego Bandeira/ Jornal do Campus

Para celebrar o Dia da Consciência Negra (20/11), a FFLCH organizou uma semana recheada de debates, discussões e palestras sobre a situação da população negra no país, abordando as áreas de cultura, trabalho e educação.  

Em sua primeira edição, a Semana da Consciência Negra na FFLCH foi idealizada “para mostrar à sociedade que há importantes pesquisas e debates sobre essa temática sendo realizados por aqui”, conta Yuri Tavares Rocha, Presidente da Comissão de Cultura e Extensão da unidade e professor do departamento de Geografia. 

Além disso, a semana de discussões foi vista de modo ainda mais importante dentro do “momento extremamente preocupante que passamos no Brasil e em outros países em relação ao racismo, que é dirigido a pessoas negras e indígenas”, afirma o organizador do evento.  

A partir disso, é importante destacar que a temática negra é bastante abordada dentro da FFLCH, tanto em pesquisas e cursos de extensão, como na implantação de políticas de ações afirmativas nos programas de Pós-Graduação da Faculdade, por exemplo.  

“Na FFLCH, além das cotas étnicas, temos a preocupação com as políticas de acolhimento aos estudantes que entrem por essas vias. Nossa unidade investe cerca de 30% de seu orçamento nessas políticas de permanência”, explica Yuri. Ele ainda acrescenta que, dessa maneira, “pode-se mudar o quadro da sociedade de maneira geral, pois assim é possível que um desses alunos se forme e tenha a possibilidade de fazer um mestrado e um doutorado, virando no futuro um dos professores da unidade”. 

Poucas pessoas nas palestras 

Apesar da grande importância do evento, poucas pessoas participaram das palestras e das discussões. Para Lourival Teixeira Custódio, um dos palestrantes ao longo da semana, isso se deve ao modo como “o Ensino Superior foi construído, para que privilégios raciais e de classe sejam perpetuados. Poucas pessoas estão dispostas a repensar seus privilégios, e menos pessoas ainda têm disposição para abrir mão deles”. 

Primeiro ingressante por ações afirmativas no doutorado em Antropologia Social na FFLCH, Lourival sente que tem o dever de se “colocar ativamente para que esse debate seja ampliado na Universidade e fora dela, sendo essa uma pauta que não deve estar circunscrita apenas aos estudantes negros, mas sim a todo o conjunto de estudantes”. 

O doutorando da FFLCH também acredita que enquanto não houver “um aumento concreto no número de negras e negros em todos os postos – alunos, docentes ou funcionários – seguiremos sendo excelentes objetos de pesquisa e apartados de ter uma voz ativa na vida universitária”.