Apoio à permanência dos alunos na USP não é eficiente

Para uma parcela dos uspianos, a luta por um espaço na universidade não acaba depois da aprovação

Por Tiago Medeiros

Para ingressar na USP, todos os alunos passam pelo vestibular para depois começarem seus estudos. Esse processo seletivo concentra uma carga de tensão e incertezas, porém, para uma parcela crescente de calouros e veteranos, esse período de angústia e dúvidas não se encerra na aprovação.

Parte dos estudantes só conseguem se manter na USP com a ajuda de auxílios que promovam a eles acesso a recursos básicos para a manutenção de suas vidas. Para mediar a concessão desses benefícios, a SAS (Superintendência de Assistência Social) possui uma estrutura que fiscaliza e distribui os auxílios.

O PAPFE (Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil) propõe quatro auxílios diferentes para alunos da USP que não estudam nos campi que se localizam no interior do estado. São eles: apoio moradia, fornecendo uma vaga no Crusp (Conjunto Residencial da USP) ou auxílio financeiro, auxílio alimentação, auxílio livros e auxílio manutenção – destinado apenas a alunos da EACH.

A concessão desses apoios é feita através da ação de um assistente social, que recebe os documentos do aluno, analisa sua situação de vulnerabilidade e seleciona quais benefícios ele irá receber. Esse procedimento de promoção ou renovação dos auxílios é iniciado antes do começo das aulas e desenrola-se por tempo indeterminado que varia de caso para caso.

“O programa de permanência estudantil é bom, mas precisa melhorar em diversos aspectos para ser excelente”, comenta Manoel Agripino, calouro do curso de Administração. O estudante aponta que os problemas mais urgentes estão ligados à manutenção do aluno durante seus anos de estudo, e não necessariamente no processo de chegada.

E o que a SAS faz para melhorar essa situação?

Em casos mais alarmantes, em que a SAS julga que o aluno novato precisa receber imediatamente os auxílios, ele é encaixado no programa SEI (Suporte aos Estudantes Ingressantes). O SEI visa promover vaga em alojamento provisório, auxílio alimentação e auxílio financeiro nos meses de março e abril, enquanto os resultados do PAPFE não são divulgados. Porém, a data de divulgação o ingresso emergencial foi marcada para março, semanas após o início das aulas.

Para tentar facilitar a renovação dos auxílios para veteranos, a SAS implementou no edital do PAPFE 2020 a mudança do período de validade do apoio de um para dois anos. No entanto, para Cacau Prado, veterana do curso de Pedagogia, que recebe auxílio alimentação e é moradora do Crusp, as ações da USP no combate à evasão da Universidade ainda deixam a desejar.

“Eu percebo que para receber os auxílios, cada ano que passa eles demoram ainda mais para divulgar os resultados e menos pessoas são contempladas”, afirma. A aluna complementa dizendo que, para uma pessoa que está em situação de vulnerabilidade, o tempo de espera vigente é inviável, demonstrando como a situação ainda é muito nebulosa e inconstante.

Houve inúmeras tentativas de contato, por parte do Jornal do Campus, para que o órgão pudesse retratar-se perante à comunidade USP sobre o tema, porém, não foi conseguido um retorno até o fechamento desta edição do jornal.