Por Karina Merli
Desde o seu surgimento, o novo coronavírus mostrou-se capaz de transpor qualquer barreira. Atravessou fronteiras e chegou ao nosso país. Adentrar o ambiente da Universidade de São Paulo (USP) era apenas uma questão de tempo.
O Jornal do Campus (JC) entrou em contato com todas as unidades da USP e, pelas informações obtidas, nove pessoas foram vítimas fatais da Covid-19.* A Assessoria de Imprensa da universidade afirma não ter esse registro.
Seguindo a iniciativa do site Inumeráveis, que homenageia vítimas do novo coronavírus, o JC desejou fazer o mesmo pelas pessoas que fizeram parte da comunidade uspiana, que seguirá saudosa e entristecida com a partida de cada um.
Édila Aparecida da Silva †
Édila trabalhava como auxiliar de laboratório no Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia há 23 anos. De acordo com Rodrigo Marinangeli de Vasconcellos, do IP Comunica, “ela era muito querida e tinha uma energia ótima”.
O seu amor, carinho, generosidade e bom-humor contagiava a todos. Era uma pessoa apaixonada pela vida e que inspirava quem estivesse à sua volta. A sua partida, aos 62 anos de idade, foi após dias de luta contra o coronavírus. “Sinceramente ainda não consegui superar a perda dela”, lamenta Rodrigo.
Marcelo Bittencourt †
Jornalista, palmeirense, generoso e perfeccionista. Assim era Marcelo Bittencourt, radialista da Rádio USP, onde dedicou 35 anos de sua vida. Por lá, foi diretor e vencedor do Prêmio Jabuti, graças ao seu trabalho pioneiro e difusor da literatura. O amor pelos livros vinha desde a infância.
“Era uma pessoa cheia de ideias e de projetos. Sempre tinha uma boa história para contar. Crítico, inconformado com as injustiças e capaz de discutir sobre os mais variados assuntos. Deixou um enorme legado dentro desse espaço tão importante de diálogo e produção cultural que é a Rádio USP e, com certeza, influenciou a todos que conviveram com ele, como eu”, afirma Susana Cecilia Igayara-Souza, docente do Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes (ECA).
Geraldo José da Cunha †
Conhecido como Geraldinho do Butantã ou “Fininho”, o aposentado e ainda funcionário do Centro de Computação Eletrônica da USP (CCE) era engajado. Foi diretor de base do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), militou pelos movimentos sociais e foi um dos fundadores da regional do Partido dos Trabalhadores (PT), no Butantã.
Sua inteligência era tão cativante quanto a sua generosidade. Foi um dos criadores do projeto “Cidadania Digital”, que tinha como intuito incluir digitalmente os funcionários da USP e concedeu entrevista sobre isso para o JC.
Jair Alves de Souza †
Partiu aos 63 anos de idade. Mesmo sendo do grupo de risco, ele precisou continuar trabalhando até meados de abril, quando começou a apresentar os primeiros sintomas. Jair era vigilante terceirizado da empresa Albatroz no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC).
Em nota, o museu afirma que “as empresas prestadoras de serviços foram orientadas pela USP a promoverem o isolamento de seus funcionários pertencentes aos grupos de risco”.
O JC tentou contato com pessoas que trabalhavam com Jair, mas não obteve respostas. Se você o conhecia e deseja homenageá-lo, por favor, entre em contato.
Verdy Luís Tiburcio †
Fazia graduação no Instituto de Química (IQ), onde deixou um vazio repleto de saudade no coração de vários alunos e professores. Era “estudante assíduo” de Física, logo se tornou amigo do professor Dr. Giancarlo E.S. Brito, do Instituto de Física (IFUSP). “Gostávamos de conversar antes das aulas. Como eu sempre chego com 20 a 10 minutos de antecedência, íamos juntos para a sala de aula. Ele era um amigo nobre e a sua amizade, elegante.” Revela, Giancarlo.
A elegância vinha dos tempos dedicados à dança, durante a sua juventude, de acordo com a estudante do IQ e amiga Thaís Diniz Lima. Além do amor pelos estudos, Verdy tinha outros dois amores: o casal de filhos. Tinha grande orgulho deles e gostava de compartilhar as conquistas de cada um com Giancarlo. Por eles e pelos ensinamentos da vida, ele seguia em frente com o seu otimismo. “Ele sempre tinha uma palavra amiga e estava disposto a ajudar quem pudesse” relata Thaís.
João José Carneiro †
João era cardiologista e professor aposentado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Ao longo da carreira, conquistou o reconhecimento nacional em cirurgia torácica.
Aliás, dedicação era uma palavra que o definia bem, ao ponto, de não ser apenas considerado um médico, mas um amigo por seus pacientes. Era querido por colegas e foi responsável pela formação de vários profissionais na área da saúde. O amor pelo que fazia era o que o movia e fazia dele uma pessoa maravilhosa.
Manoel Nunes de Souza †
Com os seus 71 anos, ele trabalhava como terceirizado na segurança do MAC assim como Jair. Na sua partida, Manoel deixou esposa, dois filhos, genro e duas netas em uma imensidão de saudade.
Seus quase 13 anos neste emprego lhe custaram a vida.
Carlos Sérgio de Castro Silva †
Alguns departamentos da USP tiveram o prazer de vê-lo trabalhando, como na Superintendência de Assistência Social (SAS) no Quadrilátero da Saúde e do Direito, que abrange as Faculdades de Medicina e de Saúde Pública, a Escola de Enfermagem, o Instituto de Medicina Tropical e a Faculdade de Direito.
Desde 2002 no SAS, não recebeu com muita alegria a sua mudança para a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), mas aos poucos foi se apaixonando e fazendo de tudo para por lá ficar. Conhecido por Viola, ele era uma pessoa divertida, com sorriso de garoto, proativo e dedicado à família. Se foi aos 43 anos.
Apparecida Maria José Candido Ferreira †
Em 1975, Apparecida iniciava a sua trajetória na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP). Ali se aposentaria em 2004, mas continuaria até o fim de seus dias próxima à instituição, através do Grêmio dos Funcionários.
O JC tentou contato com a sua neta, mas não obteve resposta até o fechamento deste obituário. Se você conhecia a Apparecida e quer homenageá-la, por favor, fale conosco.
Está faltando alguém?
Caso tenha conhecimento de alguma pessoa a ser homenageada, que fazia parte da comunidade uspiana e veio a falecer por conta do novo coronavírus, entre em contato com o JC.
*A Escola Politécnica (Poli) afirma não ter dados sobre isso.
Não obtivemos resposta da Escola de Comunicação e Artes (ECA), Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP), Escola de Enfermagem (EE), Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz (Esalq), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), Faculdade de Direito, Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP), Faculdade de Educação (FE), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP), Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC), Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Instituto de Relações Internacionais (IRI), Instituto Oceanográfico (IO), Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), Instituto de Estudos Avançados (IEA), Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP), Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFM), Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), Hospital Universitário (HU), Museu de Zoologia (MZ), Museu Paulista (MP), Fuvest, Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional, Agência USP de Inovação (Auspin), Centro de Divulgação Científica e Cultura (CDCC), Centro de Estudos da Metrópole (CEM), Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), Núcleo de Estudos da Violência (NEV), Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi), Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU), Prefeitura do Campus de São Carlos (PUSP-SC), Instituto de Química (IQ).