Já pensou em ser bancário(a)?

Do pragmático ao criativo: setor consolidado oferece oportunidades para perfis e formações diversas

Caderno: Em pauta

 

Por: Giovanna Farnezi

O plano de fundo desta imagem é composto por printes sobrepostos das páginas da web dos bancos: Safra, J. P. Morgan, Itaú, Bradesco, Santander, Nubenqui, Inter e Neon. Em primeiro plano, está escrito "Job search" em letras pretas grandes, e na última sílaba da frase há uma grande lupa.

Artes e gráficos: Giovanna Farnezi

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Você já foi questionado sobre qual profissão gostaria de seguir? Essa não é uma pergunta fácil de responder. E, diferente do que se espera em primeira instância, com o passar do tempo ela pode ir se tornando mais complexa, até mesmo para quem já cursou ou está cursando o ensino superior. Isso pode se dar por falta de um conhecimento mais amplo sobre o mercado de trabalho, que está em constante movimento e é diretamente afetado pelos contextos socioeconômicos. É necessário conseguir enxergar esse mercado de forma abrangente, não se restringindo aos caminhos óbvios de cada graduação.

Em especial para quem está em busca do primeiro emprego em meio à pandemia, é válido filtrar os segmentos mais estáveis e bem estruturados, como o bancário. Mesmo sendo raro ouvir alguém dizer que sonha em ser bancário, tem se tornado cada vez mais comum profissionais das formações mais variadas enveredarem por esse setor, que é um dos que estão se mostrando mais rijos durante a crise de coronavírus.

Apesar de ainda haver uma grande elitização nesse meio, seja por pressão social ou iniciativa própria, cada vez mais os bancos têm se preocupado com a inclusão e diversidade de seus quadros de funcionários, e estão começando a implementar ações que a favoreçam: como a retirada da necessidade de fluência em inglês e do crivo para as faculdades mais cotadas. Mesmo assim, ainda existe um caminho grande a percorrer, uma das formas de acelerar o processo de diversificação de perfil racial e social desses profissionais é democratizando as informações sobre as oportunidades de carreira e portas de ingresso ao setor bancário.

Um mercado em expansão

O Banco Central do Brasil (BACEN) divulgou em 2018 estudo que trata da relação do brasileiro com o dinheiro, em que se concluí que a adesão aos serviços bancários está crescendo no país, veja alguns resultados notáveis:

Fonte: BACEN

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Fonte: BACEN

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Fonte: BACEN

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Seja nas empresas tradicionais ou nas novatas, as perspectivas para o futuro são de transformação para o setor bancário, que precisa se reinventar para entregar uma experiência cada vez mais digital aos seus clientes e se manter competitivo em meio a novidades como PIX (pagamentos instantâneos), Open Banking (Sistema Financeiro Aberto), carteiras digitais (e-wallets) e ascensão das fintechs.

Esqueça os estereótipos e venha conhecer a trajetória de três bancários do setor administrativo com formações e perfis muito diversos

 Bruno Delgado: o Designer de Games

Bruno Delgado (27 anos) Analista de Estratégia e Experiência do Cliente no banco Santander. Bacharel em Design de Games, cursa MBA em Arquitetura da Informação e UX. Foto: arquivo pessoal

Conheça Bruno Delgado, bacharel em Design de Games pela Universidade Anhembi Morumbi, que está construindo sua carreira dentro do banco Santander.

 “Quando a gente começa a estagiar e trabalhar na área é que percebemos nossa real vocação profissional, que é uma coisa sobre a qual nós não temos muita noção quando estamos escolhendo o curso.”

A primeira vez que Bruno ouviu falar sobre oportunidades para o seu perfil dentro do setor bancário foi por alguns amigos que trabalhavam no time de comunicação interna da Central de Atendimento do Banco Santander. Sua curiosidade despertou de tanto o pessoal dizer que ele poderia se sair muito bem na empresa, e então ele passou a ler e pesquisar sobre. Até que surgiu uma oportunidade para participar de um processo seletivo, e, é claro, ele foi.

Daí para frente, a sua percepção sobre os bancos começou a mudar completamente. O designer se imaginava tendo que ir trabalhar de terno e gravata, e, como isso não condiz com sua a forma de se vestir, ainda havia a preocupação de ter que readequar todo o seu guarda-roupa! Mas, para sua surpresa, quando chegou ao prédio administrativo do Santander para a entrevista, notou que as pessoas não estavam seguindo um dress code.

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Foi aí que ele começou a notar que, embora as agências físicas sejam uma das frentes medulares dos bancos tradicionais, há toda uma estrutura por detrás delas e que as transcende, onde existem muitas oportunidades. No final, ele foi aprovado para vaga de Analista de Comunicação.

Bruno vai completar 4 anos trabalhando no Santander, e não pensa duas vezes para responder que se sente realizado profissionalmente. Nessa trajetória ele passou por áreas de comunicação interna em que pôde desenvolver novas habilidades, como comunicação social, conhecimento sobre produtos bancários, mercado financeiro e gestão por dados. Além de ter contribuído muito com seus conhecimentos de design e até de produção de games, em um projeto de gamificação muito especial que trouxe ótimos resultados.

Recentemente Bruno deu mais um passo na carreira, mudando de área dentro da instituição. Agora seu escopo de atuação está 100% voltado para User Experience (UX), no time de estratégia e experiência do usuário em Recursos Humanos.

Veja os melhores momentos do nosso bate-papo com o Bruno!

Recadinho do Bruno para você

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Diversidade e perfil de candidato: por aqui tem até gente de artes cênicas!

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Os dois lados da moeda

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Amanda Reschke: a bióloga que se tornou bancária, e vai muito bem, obrigada!

Amanda Reschke (38 anos) Analista de Planejamento Comercial Sênior em Capacitação, no Itaú Unibanco. Graduada em Biologia na Usina, e em Gestão Empreendedora pela UNIP. Cursa Marketing na Universidade Metodista. Foto: arquivo pessoal

Amanda é uma daquelas pessoas que nunca sequer cogitou a possibilidade de trabalhar em banco, mas foi atraída pela oportunidade de carreira com estabilidade e segurança financeira.

“Quando fiz cursinho pré-vestibular, meu teste vocacional mostrou que tinha habilidades para trabalhar como astronauta, em biológicas ou em marketing. Não me ajudou muito a tomar a decisão na época. Acredito que somos muito mal preparados nessa etapa de escolha, ao menos na minha experiência. Tive pouco acesso ao detalhamento de cada profissão e sobre como eram as opções do mercado de trabalho na época, a carreira bancária não foi sequer apresentada.”

Em 2004, no quarto ano da faculdade de Biologia, Amanda estagiava no Parque Ibirapuera, ganhando uma bolsa auxílio baixa, que não cobria nem seu transporte e almoço.

“Optei pela Biologia por propósito e não me arrependo. Aprendi muito, principalmente que temos que ter humildade como seres humanos. Na faculdade quis explorar diversas áreas de atuação, justamente para decidir qual seria o meu caminho. Todas as experiências foram maravilhosas, mas sem perspectiva de efetivação ou de uma remuneração adequada”, lembra.

Foi quando seus irmãos que trabalhavam no Citibank começaram a incentivá-la a tentar estágio no setor, que oferecia bolsa auxílio 5x maior. Em 2005, após concluir a graduação em Biologia, Amanda começou seu segundo curso superior: Gestão Empreendedora. Pouco tempo depois iniciou sua carreira como bancária no Citi e até hoje é feliz em sua escolha.

“No início foi um choque de realidade, porque antes eu trabalhava no Parque Ibirapuera e de repente me deparei com um banco americano, onde eu trabalhava de terno e brincos de pérola. Mas, a remuneração diferenciada e os ótimos benefícios não são só o que os bancos têm a oferecer, dentro deles você encontra maneiras de exercer funções que têm a ver com os seus objetivos e propósitos. Por exemplo, existem áreas de: sustentabilidade; diversidade e cultura, que têm uma série de projetos voltados ao meio ambiente e inclusão social. Então, dentro de um banco existem muitas frentes em que você pode atuar e construir diferentes carreiras, mas geralmente as pessoas não conhecem”, conta.

Em sua carreira Amanda passou por vários setores, como: agência física, áreas relacionadas à qualidade e experiência do cliente, setor de marketing e comunicação. Hoje ela se vê preparada também para atuar em empresas de outros segmentos.

“Com certeza me sinto realizada profissionalmente. Muitas pessoas falam que trabalhar em banco tem muita pressão, e sim, de fato tem, mas é um mercado muito dinâmico e que te força a sempre estar atualizado e aprendendo coisas novas. A concorrência sempre nos faz correr atrás de novas soluções e nos reinventar em muito pouco tempo.”

Atualmente Amanda é Analista de Planejamento Comercial Sênior no Itaú Unibanco (que comprou o Citibank em 2017), e seu escopo de trabalho é voltado à Gestão do Conhecimento. Por sua experiência ela afirma que está em um mercado que nas crises sofre menos que os demais segmentos, por isso proporciona maior segurança e estabilidade aos funcionários, e deve estar no radar de quem está em busca do primeiro emprego.

Thais Navarro: jornalista e bancária

Thais Navarro (22 anos) Estagiária de Jornalismo, no Itaú Corretora. Cursa Jornalismo na USP. Foto: arquivo pessoal

Recentemente Thais Navarro trocou seu estágio na Revista Abril pelo Programa de Estágio Corporativo Itaú BBA. Ela fez todo o processo de seleção remotamente e ganhou a segurança de permanecer ao menos até fevereiro em home office (data em que o cenário de pandemia será reavaliado pelo conglomerado).

Desde sempre Thais pensava em sua atuação jornalística restritamente dentro de veículos tradicionais, mas depois de experimentar percebeu que não era bem o que ela queria.

Em suas pesquisas por novos caminhos ela encontrou no site vagas.com uma oportunidade no Itaú BBA para produção de conteúdos jornalísticos voltados ao setor Atacado. A primeira etapa da seleção foi uma entrevista remota diretamente com a gestora da vaga, e a segunda consistiu em testes teóricos de conhecimentos gerais.

Faz apenas dois meses que Thais está estagiando no banco e já se sente com muito mais bagagem, vontade de continuar aprendendo sobre o negócio e a operação, e também já está até pensando em fazer carreira.

“É muito legal saber que o que você está fazendo tem um impacto na vida das pessoas, ainda mais considerando o número recorde de gente operando na Bolsa de Valores este ano, eu sinto que tudo que público vai fazer diferença para quem está lendo”, afirma.