As falsas verdades de Jair Bolsonaro

 

Por Vanessa Evelyn

Arte: Pedro Lobo/Foto: Tânia Rego e Fernando Frazão da Agência Brasil

 

Em uma busca rápida aos serviços de busca da internet pela palavra “mentira” obtemos o seguinte resultado: “ato ou efeito de mentir; engano, falsidade, fraude.” Porém, muito se tem duvidado da capacidade do presidente Jair Bolsonaro de entendê-la.

Entre as idas e vindas de falas falsas ou distorcidas que o presidente profere, o que me assusta de fato não são mais as frases que soam inconcebíveis para boa parte da população, mas sim a dificuldade dessa outra parte de entender a diferença entre a realidade, que está escancarada por onde quer você passe, e as inverdades que somos obrigados a escutar todos os dias.

No dia 22 de setembro, ocorreu a Assembleia Geral das Nações Unidas onde o presidente se mostrou completamente confortável em mentir diante do mundo inteiro. E não foram uma ou duas falas, segundo a agência de checagem Aos Fatos, pelo menos 15 das falas do presidente Jair Bolsonaro ao longo de seu discurso eram falsas. E não adianta tentar defender e dizer ‘nem todas eram falsas, algumas estavam somente distorcidas’. Distorcer é enganar e, caso você tenha pulado a definição de mentira do início do texto, enganar é mentir.

Mentiu sobre a covid-19, mentiu sobre as queimadas, mentiu sobre o auxílio emergencial. Mentiu. Mentiu e enquanto mentia dizia que o Brasil passava por uma campanha de desinformação sobre o Pantanal e a Amazônia. Bom, senhor presidente, campanha essa estimulada por vocês mesmo que, enquanto o Pantanal queimava, proferia uma chuva de afirmações sobre um governo intolerante aos crimes ambientais, que zela pela fauna e flora do Brasil, mas que esquece que está sendo responsável pelo desmonte das políticas ambientais.

Não me surpreendo mais com as barbaridades ditas. Para quem já disse que no Brasil não existe fome, que o Leonardo DiCaprio patrocinava queimadas na Amazônia e que durante a própria campanha eleitoral teve coragem e levar em rede nacional um livro fake para incentivar a narrativa de que existia um ‘kit gay’ sendo distribuído nas escolas, as mentiras não são mais enganos e sim, estratégias.

A dúvida que fica é se o eleitorado do presidente realmente acredita no que ouve e se o Bolsonaro realmente acredita no que fala. O meu palpite? Eles apenas não ligam.