O impacto da suspensão do BIFE para os atletas da USP

Considerado um evento importante para o esporte universitário, inters como o BIFE foram cancelados em 2020  

 

Por Letícia Flávia

Comemoração de time da FAU durante a XX edição do BIFE, em novembro de 2019. Acesso: Facebook do BIFEFoto: Henrique Cabral  

 

Acampar numa cidade do interior, conhecer alunos de diferentes faculdades, torcer avidamente pelo seu time, ir para muitas festas e beber de tudo e mais um pouco. Em 2020, os campeonatos universitários foram suspensos devido a necessidade do isolamento social no contexto da pandemia. Enquanto muitos alunos participam do evento para torcer para seu instituto e curtir as festas, para os atletas da USP é muito mais do que isso, envolvendo a expectativa de horas de treino, esforço e suor. 

Mauro Lucas, graduando em física, fundador e diretor de modalidade da equipe de Jiu Jitsu do IF, participa de inters desde 2016 coordenando a participação do time. Para ele, fazer parte de competições universitárias agrega organização, cuidado e responsabilidade do atleta com sua equipe. 

“Percebi o tanto que cada atleta significa e importa para o time. Às vezes você vai para um Inter e pensa que é um mero campeonato de sua universidade, mas não é assim. Quando o atleta vai lutar, ficamos em êxtase de vê-lo realizando o esporte e representado a nossa faculdade”.

Da esquerda para direita, Vamp, Álvaro e Mauro Lucas, do time de jiu jitsu do IF, conquistaram dois prêmios de segundo lugar. Foto: Arquivo Pessoal.

 

A equipe, que costumava treinar 3 vezes por semana, suspendeu todo seu treino desde o mês de março. “Não conseguimos achar uma maneira de retomar online e fazer com que a equipe treinasse as especificidades de nossa modalidade”, explica Mauro. A esperança para o retorno seguro dos treinos presenciais e dos campeonatos existe, mas é incerta. “Dizemos que o esporte promove saúde e não faria sentido seu retorno colocar a saúde das pessoas em risco”, comenta o fundador do time.

Thiago Gentil, aluno de editoração e membro da equipe de atletismo da ECA, participou do Bife de 2019 e se mantém positivo ao pensar no retorno do inter em 2021. Para ele, o Bife motiva a performance do time durante o treino:

“Apesar de nós, do atletismo, participarmos de várias competições, o Bife é nosso maior objetivo ao longo do ano. É algo especial porque, além de entendermos o peso da torcida sobre nós, passamos o ano inteiro pensando nesse inter. Desde o início dele falamos “Já é Bife” e quando acaba o Bife, já estamos pensando no próximo”.

Thiago Gentil competindo atletismo no Bife, em 2019. Foto: Letícia Rocha e Mariana Rocha

 

O Bife, apesar de ter suspendido sua atividade presencial, se reinventou e buscou manter a ideia do inter vivo. Nesse ano, realizaram o campeonato de e-sports (como  e de xadrez online e gratuito. Por meio de uma plataforma, os confrontos são reproduzidos em formato de lives. Segundo Henrique Cruz, estudante da FAU e membro da Comissão Organizadora do Bife, as lives realizadas tem audiência maiores do que teria presencialmente, com até 120 pessoas assistindo ao mesmo tempo. No último fim de semana em que o E-Bife será transmitido, também terá um evento online. 

Imagem do post de divulgação do calendário do E-Bife de 2020, com as modalidades participantes. Reprodução/ Facebook do Bife