Os bastidores de uma peça

 

por Vinicius Garcia

Foto: Site do Jornal do Campus

 

Assistir uma peça é muito legal. É uma experiência única ver a produção que precisa ser feita em aos  olhos, sem efeitos especiais ou pós produção. Agora uma experiência ainda mais interessante é participar dos bastidores de uma peça, logo antes dela ter início. É um lugar muito vivo, cheio de correria, problemas, angústias, soluções e esperanças. A sensação de coordenar uma edição do Jornal do Campus é basicamente análoga.

Para o leitor que nunca teve a experiência de produzir um Jornal do Campus, ou qualquer outro jornal laboratório do curso de jornalismo, há um cargo muito específico e completamente único: o de secretário de redação. Esse cargo engloba basicamente a responsabilidade de coordenar uma edição inteira do JC.

Evidentemente a experiência de secretário de redação é muito diferente, mesmo entre jornais. Eu já havia tido essa experiência antes, mas nada me prepararia para a luta que seria ser o famoso “chefinho” da segunda edição deste semestre do JC.

Foi exatamente a sensação de dirigir uma peça prestes a estrear. Muitas coisas ocorrendo ao mesmo tempo e muitos problemas, principalmente. É preciso estar atento a quem termina o texto com uma semana de antecedência e também acalmar aqueles que vão atrasar uma semana. 

A grande diferença da vida de chefinho para vida de diretor é a falta de equipe. Você monta o cenário, escreve a peça, cuida da iluminação e literalmente o serviço só acaba quando os atores sobem ao palco.

A verdade é que uma metáfora, mesmo caótica, sempre embeleza um pouco a realidade e por isso nunca se sustenta por muito tempo, eventualmente a parte feia da realidade sempre dá as caras. E, em verdade, o grande objetivo desse texto era usar de metáforas e artifícios para de uma forma ou outra expor um pouco dos 15 dias traumáticos e cheio de trabalho.

Saindo um pouco da hiperrealidade poética, foram 15 dias em que tive que dar aula, fazer calendários, organizar grupos e principalmente ouvir muito, e, infelizmente, ouvir poucas respostas e fazer muitas perguntas. Eu era a primeira pessoa para receber um questionamento, mas infelizmente não era o primeiro a tê-los respondidos, não havia apoio.

E, entre dias de marasmo e dias de pandemônio, nasceu uma edição. Abri com o editorial, montei o calendário de todas, e assim a edição estava completa. Com basicamente nenhum apoio, as coisas aos poucos se resolvem, e entram no lugar. A verdade é solucionar os problemas ou mesmo buscar ajuda para isso é tentar secar o mar e aspirar a praia. Mas, uma vez ouvi que com uma gota a menos no oceano, o oceano ainda fica menor. E talvez tenha sido assim que com meu rodinho e aspirador eu tenha conseguido coordenar as coisas o suficiente para que a edição nascesse. Espero que apreciem o resultado. Deu trabalho. Muito trabalho.