Armazenamento em nuvem: Google anuncia fim do Drive ilimitado para estudantes universitários

Em 2022 cada instituição terá 100 TB para dividir entre todos os usuários: para a USP, o total pode ser de 1GB para cada aluno

por Adrielly Marcelino

O Google Drive, serviço de armazenamento da Google, prevê alterações na sua política de uso em 2022. Universidades de todo o mundo que possuem parceria com a empresa estão recebendo um aviso de que o serviço ilimitado será encerrado no próximo ano e que cada instituição terá 100 TB para dividir entre todos os usuários.

As instituições de ensino já estão à procura de alternativas, pois o novo modelo é considerado insuficiente. A política de uso ilimitado do armazenamento em nuvem para universitários começou há cerca de 5 anos atrás. Professores e alunos que tinham um e-mail institucional (como o e-mail @usp.br, por exemplo) poderiam usufruir do benefício do armazenamento sem limites. 

Na época, a empresa estadunidense justificou que estava oferecendo o serviço gratuito porque ele seria imprescindível para “melhorar a metodologia de ensino das universidades e facilitar o aprendizado dos estudantes, de forma integrada, móvel e digital”. Antes, o serviço chamava-se G Suite, sendo renomeado em 2019 para Workspace e agora para Workspace for Education

Armazenamento insuficiente

O nome novo traz uma nova política global de armazenamento, caracterizada por sua capacidade limitada. A Universidade de São Paulo (USP) detém 95 mil contas ativas (incluindo alunos de graduação, pós-graduação e docentes), o que em cálculo resultaria em cerca de 1 GB para cada conta da comunidade universitária.

Instituições com mais alunos, como a Universidade Federal Fluminense (UFF), com 110.141 usuários com acesso a e-mails do Workspace for Education, terá aproximadamente 900MB. 

A Superintendência de Tecnologia de Informação (STI) da USP, informou para o Jornal do Campus que “caso o contrato com a Google não seja mais vantajoso para a USP, buscaremos outras opções. Caso tenhamos uma nova opção/solução faremos um planejamento para transição de modo a mantermos o mesmo nível e qualidade dos serviços atuais”.

Custo da nova política

Atualmente, a USP e a Google estão em negociação para determinar qual será o futuro do armazenamento virtual da comunidade uspiana. Segundo uma nota publicada pela assessoria de imprensa da USP em 2016, essa parceria (que pode chegar ao fim) proporciona uma economia de aproximadamente R$ 6 milhões de reais por ano.

A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Google para saber mais sobre os possíveis custos para a Universidade de São Paulo. A resposta foi de que “os valores dos serviços podem variar de acordo com o tamanho e necessidade das instituições”. Sobre valores, a equipe da Google afirmou que “precisaria consultar sua equipe técnica, e de mais tempo para retorno”. 

Novas cobranças aos usuários

O Gmail (Google Mail) nasceu em 2004 sob a promessa de “e-mail e armazenamento gratuito da Google”. Na época, onde ainda predominavam os disquetes (armazenamento físico com capacidade 1.44MB), a “nuvem” de 1GB grátis oferecida soou como algo revolucionário para os usuários da internet. 

Mas como a Google é uma das maiores big techs do mundo oferecendo tantos serviços “gratuitos”? Publicidade constante e oferta de links patrocinados — essa é uma das origens da gigantesca receita da empresa. 

Um usuário do Android, sistema operacional da empresa, por exemplo, visualiza anúncios até mesmo ao instalar um novo aplicativo em seu próprio celular. Cada anúncio e clique do usuário em propaganda resultam novos dígitos na receita da companhia estadunidense. 

Mesmo assim, outros serviços da Google passam a ser cobrados, como é o caso do Google Fotos, conforme anunciado no final de 2020. A partir de 1º de junho de 2021, haverá o limite de 15 GB de espaço gratuito aos usuários e será cobrado para guardar os conteúdos que superarem essa margem. 

Amostra “grátis” na era digital  

Oferecer uma amostra grátis de um produto é uma forma de comunicação de massa do marketing para “proporcionar o fortalecimento de uma marca e fidelizar clientes”, conforme explica a Professora Dra. Janaina Giraldi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto.
Um exemplo brasileiro disso é a Ifood, que no final de 2018 cativou a atenção e comentários dos usuários após disponibilizar uma quantidade massiva de cupons. A empresa foi criada em 2011, época na qual sua solução era extremamente inovadora no mercado brasileiro, motivando alguns consumidores até mesmo a suspeitar da veracidade do serviço.