O Brasil até que é bom, o Governo é que mata

 

por Natasha Teixeira  

São Paulo/SP – Brasil, 29-05-2021. Foto: Gabriel Guerra/JC

 

No dia 29 de maio, o Brasil foi às ruas pelo direito de viver. Esse direito pode parecer algo simples e inerente a qualquer sociedade, mas sobreviver torna-se uma luta diária quando se vive uma pandemia com um Governo que parece trabalhar em favor do vírus.

Há mais de um ano, os brasileiros vivem um cenário distópico com o aumento dos índices de desemprego e com as questões sobre saúde mental, além dos mais de 17 milhões de infectados e os quase 500 mil mortos. 

Nas ruas, o povo não pedia apenas pelo maior amparo da população e pela aceleração da vacinação, mas também pelo fim do atual governo. Uma das frases mais repetidas nos cartazes foi inspirada nos protestos que ocorreram na Colômbia, país que também está em crise: “se um povo vai às ruas em meio a uma pandemia, é porque o Governo se tornou mais perigoso que o vírus”.

A frase reflete a situação atual do Brasil. Ao invés de levar seus esforços à ciência e à saúde para que o país saia dessa situação, o presidente propaga a mentira e o negacionismo. Chegar a essa conclusão não requer muito esforço, basta ver os pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro.

Enquanto os profissionais de saúde do mundo todo recomendam isolamento social, Bolsonaro diz que é “conversinha mole”, chama aqueles que defendem a medida de “idiotas” e promove diversas aglomerações. Enquanto a população brasileira morre por causa de um vírus, ele desdenha dessas mortes e minimiza o potencial da doença. Enquanto o Brasil pede por alguma medida, o presidente incentiva inúmeras vezes o uso de remédios comprovadamente ineficazes e não seguros no tratamento da Covid-19 e desincentiva o uso da vacina.

No entanto, grande parte de suas falas polêmicas foi, na verdade, apenas uma cortina de fumaça. Elas serviram para tirar a atenção de problemas ainda maiores, como os bloqueios de orçamento sobre a pesquisa científica, o aumento na rejeição do atual governo, o Brasil sendo considerado ameaça sanitária global e a corrupção. Ao dizer absurdos, o presidente desvia os olhares desses problemas, uma vez que suas falas viram manchete e se popularizam (de forma positiva ou não) nas redes sociais.

O preço que pagamos por isso está ficando cada vez mais alto e vem sendo chamado por alguns de “custo Bolsonaro”. É um custo que resulta na fome da população, na desvalorização da moeda, no descontrole da pandemia, em problemas diplomáticos, no desmatamento da Amazônia, na proteção de políticos corruptos, nos cortes na educação e em muitos outros problemas.

O atual governo mata não só ao facilitar a propagação do vírus, mas também ao disseminar o ódio. Seus discursos racistas, machistas, religiosamente intolerantes, homofóbicos e transfóbicos sempre foram escancarados e continuam sendo mesmo após sua eleição. Com a ascensão da extrema-direita, o discurso de ódio ganhou mais espaço, enquanto as minorias, que enfim conquistavam seus espaços e direitos, foram apagadas.

As mortes de pessoas LGBTQIA+ aumentaram consideravelmente com o crescimento da popularidade de Jair Bolsonaro em 2017. O presidente, desde sua eleição, não tomou nenhuma medida a respeito. Apenas no ano passado, pelo menos 237 (número subnotificado) pessoas LGBTQIA+ foram mortas violentamente no Brasil.

Uma forma de acabar com esses problemas é combatendo a desinformação, função que nós, jornalistas, temos orgulho de assumir. Apesar de o jornalismo estar sendo descredibilizado e deslegitimado durante essa fase obscura, o Jornal do Campus se mantém em pé, trazendo informação independente a seus leitores. Em tempos tão difíceis, fugimos da alienação e das notícias falsas, e, após longas apurações, entregamos reportagens que trazem apenas a verdade sobre temas importantes como a pandemia e os direitos das minorias.

Nesta edição falaremos sobre LGBTs no esporte, vacinação de estudantes da área da saúde, rotina dos estudantes da USP durante a pandemia, segurança sanitária no ato do dia 29 de maio, hábitos na quarentena, soro anticovid, inumeráveis da USP e muitas outras coisas relacionadas e não relacionadas à pandemia.