Tacaraca tacaraca: a volta das baterias universitárias

Membros das entidades relatam o processo do retorno aos ensaios presenciais e as dificuldades da distância

por Beatriz Lopomo

Fotos: Beatriz Lopomo/JC

Com a abertura do campus da Universidade de São Paulo no fim de 2021, o silêncio que tomou conta dos espaços universitários por quase dois anos foi finalmente interrompido com a volta dos ensaios das baterias.

Símbolo da vivência universitária, as baterias surgiram como uma forma de impulsionar as torcidas durante competições entre alunos, mas rapidamente se tornaram um espaço de integração, confraternização e aprendizado rítmico para seus integrantes. 

Com a pandemia, as atividades promovidas pelas baterias, como os ensaios semanais, foram adaptadas para o formato online, respeitando as medidas sanitárias necessárias para o combate à pandemia. A cobertura vacinal e a diminuição de casos propiciou, a partir de novembro de 2021, a volta dessas entidades.

O retorno dos encontros seguiu as diretrizes estabelecidas e divulgadas pela USP em e-mails e comunicados direcionados à comunidade, como fazer o uso de máscaras e evitar aglomerações. 

André Moraes, aluno do curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica (Poli), ainda conta que a Aliança das Baterias Universitárias da USP entrou em contato com um infectologista para se informar sobre as medidas necessárias para garantir um retorno seguro. 

Batucagem à distância 

Mateus Albuquerque, aluno do quarto ano de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), explica que decidiu integrar a bateria “Manda Chuva” motivado pela vontade de fazer algo na faculdade que escapasse do escopo acadêmico.

Nesse contexto, integrantes das entidades relataram as dificuldades dos ensaios online, tanto na área do desenvolvimento rítmico, quanto no entrosamento entre os ritmistas. “Eu não consegui ensaiar durante a pandemia porque eu não sou de São Paulo e não tinha acesso ao instrumento que eu toco”, declara o estudante Ian Souza Barbosa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). No âmbito da socialização, a distância foi um dificultador para o processo de integração entre novos e antigos membros. 

E como é estar de volta?

Agora, com a retomada dos ensaios, alunos detalham as impressões sobre o retorno: “A sensação de voltar é incrível, ver a galera de novo, tocar todo mundo junto. Ensaiar em casa não é a mesma coisa, a bateria é muito sobre convivência e sobre estar com a galera que você toca, tocar muitas vezes fica em segundo plano”, declara André. 

“É uma sensação estranha voltar a tocar e conviver com as pessoas por parecer que o tempo não passou”, complementa Mateus.  

Quando questionado sobre o fator que mais fez falta durante o período pandêmico, a resposta entre os três entrevistados foi a mesma: a convivência.  “Nunca é apenas sobre tocar e fazer um som. Tocar por tocar qualquer um toca, mas [estar na bateria] é tocar em um ambiente que você gosta com pessoas que você gosta”, explica Albuquerque.

A volta dos torneios de baterias universitárias

Assim como os ensaios, as dinâmicas dos torneios de baterias universitárias também sofreram alterações em razão da pandemia. A Taça das Baterias Universitárias (TABU) está prevista para ser realizada nos dias 16 e 17 de julho, seguindo novas diretrizes: “Normalmente a TABU conta com uma competição entre dois grupos: ascendente e estrela. Antes da pandemia, a dinâmica de jogo fazia com que as 3 últimas baterias do ranking do Grupo Estrela fossem rebaixadas para o Grupo Ascendente e as 3 primeiras do Ascendente eram promovidas para o Grupo Estrela”, explica a organização do evento. 

“Nessa primeira edição pós pandemia vamos priorizar a integração dos grupos, ou seja, pela primeira vez não teremos a movimentação entre grupos, mas o ranking continua normal”, explica a organização do evento: “Fizemos isso para que houvesse a participação e integração das baterias que ficaram sem ensaiar por tanto tempo sem serem penalizadas. A ideia é que em 2023 a dinâmica entre os grupos Estrela e Ascendente voltem ao normal”, afirma a competição.