Performance e instalação: Da Instabilidade aos Sonhos faz curta temporada no Tusp

Apresentação do grupo 28 Patas Furiosas traz reflexões sobre o onírico

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por Luiz Attié

Foto: Divulgação/Helena Wolfenson

A convite do novo diretor do Teatro da USP e chefe do Departamento de Artes Cênicas da ECA, Luiz Fernando Ramos, o coletivo 28 Patas Furiosas chega ao Tusp com a ocupação Da Instabilidade aos Sonhos. A proposta une o audiovisual, o sensorial e o performático para uma pesquisa profunda sobre os sonhos e aqueles que sonham.

Essa ocupação inclui uma oficina gratuita já em andamento, o Anexo 28: Dramaturgia de Forças para uma Encenação Material. Ingrid e Vitória, universitárias que estão participando desses estudos, contam que tem sido um grande aprendizado sobre performance e sobre dramaturgia, com diferentes convidados para agregar nessa questão.

A performance Parabólica dos Sonhos e o filme Memória de uma Trilogia, que já havia sido exibido de forma isolada, se juntam à oficina para fechar a tríade que serve como ponto focal da ocupação. A parabólica dos sonhos consiste em uma experiência que nasce da ambientação, que te afasta do mundo externo e te imerge em outro universo, mais solene e onírico. É uma instalação onde a plateia tem total liberdade para explorar o espaço e conversar com os atores sobre o que eles têm sonhado e como eles sentem isso os afetando.

Em entrevista para o JC, a companhia comentou que o desejo dessa apresentação surgiu a partir de indagações do significado de sonhar fora da cultura ocidentalizada que estamos acostumados, especialmente pela perspectiva de povos indígenas, vendo um lado quase ritualístico dos sonhos. Partindo dessa ideia, veio a indagação: “com o que sonha a cidade de São Paulo?”.

Foto: Divulgação/Helena Wolfenson

A Parabólica dos Sonhos é, mais do que instalação artística, pesquisa sobre como o sonho se relaciona com os sonhadores, especificamente os que sonham em São Paulo. Tendo essa máxima como fio condutor, os atores se aproximam da plateia que livremente explora o espaço e, mais do que perguntam, dialogam sobre os sonhos, permitindo a troca de expor a própria relação com o onírico assim como desbravando a relação do outro. Desse modo, cada apresentação é única e vai ser conduzida de modo diferente de acordo com o engajamento da plateia. 

Por isso não chamam de peça, e sim de performance-instalação. Há uma dramaturgia, um fio condutor e um objetivo em tudo o que acontece, mas também há a apropriação do espaço cênico pelo espectador sem uma narrativa para ser relatada. O espaço, em constante trânsito, é livre para que a plateia entre e saia do universo onírico instaurado, permitindo, pelas duas horas de apresentação, que ela seja também parte desse trânsito.

A atriz Isabel Wolfenson afirma que, por esse contato com o público, a apresentação precisa se reinventar a cada vez e ir se ajustando e experimentando dentro de si mesma. Antes do Tusp, em outubro do ano passado, o grupo fez uma apresentação semelhante no Centro Cultural São Paulo e, de lá para cá, a performance se transformou tanto que passou a precisar de um novo nome que a representasse melhor.

A performance-instalação segue no Tusp até domingo, dia 15 de maio, com apresentações de sábado e domingo. O valor integral do ingresso é R$ 20,00 e estudantes têm direito à meia entrada.