Retorno dos treinos presenciais marca também o retorno da vida no campus

por Luiz Attié

Foto: Aline Novakoski/JC

Depois de mais de um ano inteiro fechado, a USP está com os espaços abertos mais uma vez para as práticas esportivas. O principal exemplo, o Centro de Práticas Poliesportivas (CEPE – USP), está de portas abertas para que as equipes universitárias possam mais uma vez praticar suas diferentes modalidades.

Cada instituto da USP tem as suas equipes que podem competir em jogos internos, campeonatos universitários e até mesmo em competições oficiais do esporte. É um momento de integração entre os alunos com um objetivo comum, contribuindo, não apenas para a saúde física, mas também com a mental e com a socialização.

Contudo, com a chegada da pandemia, todas as equipes precisaram se reinventar para se manterem vivas. Foi mais de um ano sem poder contar com o encontro para os treinos, contando no contato via grupos de whatsapp e treinos em casa personalizados para as exigências de cada modalidade. 

Uma modalidade particularmente difícil de adaptar foi a natação, uma vez que, sem poder contar com as piscinas da USP, seria um desafio manter a disposição física da equipe. Thiago, o treinador da equipe de natação Arraia 4, que une alunos da EEFE, IRI, IQ, FCF, FO, FE e FOFITO, conta como ele fez para manter a equipe unida nesse tempo: “Durante a pandemia, eu criei um projeto chamado Íntegra+, onde separamos os atletas em diversas equipes onde eles tinham que manter hábitos saudáveis para pontuar, além de desafios que eram realizados durante os treinos online. Conseguimos estabelecer cinco treinos na semana com pelo menos um membro da comissão técnica supervisionando os exercícios. Fizemos um esquema de personal online, onde cada atleta tinha sua planilha de treino de acordo com seus objetivos e com o que tinham de equipamento para treinos em casa.” Ele ainda complementa que a ideia foi um sucesso e muito dos atletas agradeceram pela iniciativa.

Outro ponto que Thiago comenta é o da saúde mental. Ele diz que recebeu relatos de atletas da equipe que, graças ao esporte, conseguiram enfrentar o período de isolamento social. Por todas essas contribuições, é possível imaginar a alegria da equipe ao descobrirem que as piscinas estavam abertas e a equipe poderia voltar a sua rotina de 5 treinos na semana. E ele ainda conta como o perfil da equipe muda em um ano. “Na verdade, o perfil da nossa equipe mudou e muito. Muitos dos meus antigos atletas se formaram durante a pandemia. 80% dos meus atletas são pessoas que estou tendo a oportunidade de conhecer agora”. Isso exemplifica que, mesmo distantes, as pessoas continuaram interessadas em conhecer o esporte e, mesmo assim, o sentimento de equipe foi consolidado.

A equipe de remo da Poli treina na raia olímpica da USP e, com o retorno, muitos tiveram que aprender a remar do zero. O Rogério, diretor da modalidade, comentou que a maior parte dos alunos que começam no remo nunca tiveram contato com o esporte e, com a oportunidade dos treinos presenciais, eles podem ter a vivência esportiva. Durante a pandemia, eles continuaram com uma rotina de treinos de fortalecimento via Zoom e Google Meet. Ele conta que, a princípio, houve uma evasão muito grande na equipe em 2020, com poucos dos que passaram nas seletivas no ano mantendo a rotina de treinos até o fim. Contudo, em 2021, já houve um interesse maior dos calouros, que continuaram treinando 100% online, sem a vivência presencial ainda. E esses sim se mantiveram até hoje na equipe. E ele ainda complementa: “ver a raia cheia hoje me deixa muito feliz. Ver a transição de quando só tinha eu remando e agora tá saindo barcos de quatro, oito pessoas”. E hoje eles têm aula juntos, treinam juntos, e depois ainda aproveitam para socializar, aumentando a proximidade entre os atletas.

No fim, o esporte universitário é também parte da vida universitária. E os treinos presenciais representam mais do que fazer um esporte que você ame ou descobrir um exercício que te agrade, representa também um sentimento de união que as equipes vão desenvolvendo que pode aflorar plenamente agora com os encontros presenciais em prol do esporte.