“Não me sinto mais à vontade”, diz aluno sobre ir para USP de bicicleta

Casos de furto de bicicletas no campus Butantã prejudica ciclistas; ladrões cortam cadeados e fogem despercebidos até à luz do dia

por Giulia Portelinha

Foto: Giulia Portelinha/JC

Nas últimas semanas, estudantes relataram furto de suas bicicletas e descaso por parte da segurança. Os casos ocorrem nos bicicletários do campus tanto à noite quanto no período da manhã.  “Na quarta passada (20), tinha aula no CRP e parei a bicicleta lá. Eu sempre prendo no bicicletário com a corda de aço. Minha aula começava às 10h, quando eu saí 11h30, já estava com o cadeado cortado”, conta Vitor Scalon, estudante de Publicidade e Propaganda. 

Por possuir uma infraestrutura própria e excelentes ciclovias, o campus da USP é um dos melhores locais para pedalar na cidade de São Paulo. Não à toa, muitos alunos investem em bicicletas de alta qualidade como forma de locomoção sustentável, além de promover a saúde física e mental. 

A USP também é frequentada por ciclistas esportivos, sendo um importante local de treinamento para os times. Porém, em 2021 foram adotadas medidas para restringir a prática de ciclismo devido a reclamações. O horário dos treinos passaram a ser permitidos apenas às terças, quintas e sábados, das 4h30 às 6h30. O problema é que de madrugada há pouca iluminação e os vigias não dão conta de fiscalizar toda área do campus. 

Arthur, estudante de economia, reclama das falhas na segurança no estacionamento da FEA I. Ele havia guardado sua bicicleta lá à noite antes da aula, quando voltou, não estava mais no local. “Antigamente, costumava ter mais vigias rondando o estacionamento. Eles colocaram a catraca para aumentar a segurança dentro do prédio, mas esqueceram de toda a área externa, que é onde acontece o maior número de crimes”. Arthur também aponta o grande número de postes com luzes queimadas que precisam ser substituídas. 

Foto: Giulia Portelinha /JC

Os vigias terceirizados que fiscalizam o campus são contratados com o objetivo de proteger o patrimônio da Universidade. Eles também evitam, quando possível, crimes de acontecerem e ligam imediatamente para a Polícia Militar. Porém, os trabalhadores que prestam este serviço foram reduzidos durante a pandemia e não houve nenhuma alteração desse cenário desde a volta às aulas presenciais. 

“Precisamos de uma solução mais segura, porque é muita gente que vai de bicicleta”, diz Vitor. Para ele, deveria haver bicicletários dentro dos prédios e sugere construir um bicicletário dentro da prainha na ECA. O aluno narra ter ficado em choque com o que aconteceu: “Mudou minha rotina inteira, porque a bike é o que eu uso para tudo. Eu vou para a faculdade todo dia de bike, vou para o treino de bike, eu ia no mercado, ia na academia… tanto que nem acreditei”.

Com uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados, a Cidade Universitária na zona oeste de São Paulo possui uma circulação diária de aproximadamente 100 mil pessoas. O espaço é aberto também para pessoas de fora da USP e está sujeito a problemas urbanos como em qualquer cidade. 

A alta circulação de ciclistas acaba sendo um atrativo para ladrões, já que uma bicicleta esportiva pode custar mais de 40 mil reais e são as mais visadas. Bicicletas maiores ou com modificações especiais costumam também ter um preço mais caro. 

Esse era o caso de Arthur, que investiu em um bicicleta um pouco mais que se adequava a sua altura. Para ele, valeria a pena, pois estaria economizando com transporte público e ganhando no quesito de levar uma vida mais saudável. Mas depois do caso de furto, não acha que conseguirá ir para a faculdade pedalando no futuro, mesmo se tivesse a oportunidade de adquirir uma nova bicicleta. “Não me sinto mais à vontade”, desabafa. 

Fontes anônimas da segurança aconselham os alunos a investirem em cadeados mais resistentes, visto que cordas de aço podem ser facilmente cortadas por alicates. “Não dá para investir mais de 3 mil reais numa bike e comprar um cadeadinho de 50 conto”.

A Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária-SPPU dispõe dicas de segurança para a proteção patrimonial, porém não se responsabiliza pelos pertences perdidos nos campi da USP. A comunidade pode registrar ocorrências pelo aplicativo de segurança Campus USP e realizar chamadas de emergência para falar diretamente com a Guarda Universitária.