O contraditório uso da máscara entre a USP e a cidade de São Paulo

Bota máscara, tira máscara

por Wálace de Jesus

Arte: Wálace de Jesus/JC/Pixabay

Você já percebeu esse movimento quase involuntário que fazemos quando atravessamos qualquer portão da USP? Não, não estou generalizando, mas é isso que observo ao atravessar o portão 2 para pedestres. E eu me incluo como observado. 

Como no filme Karatê Kid (2010), é um bota e tira máscara sem parar que no caso não leva a aprendizado nenhum, apenas delineia a contraditória comunicação entre o governo da cidade de São Paulo e a Universidade. Assim como a USP, outras universidades do estado também mantiveram o uso obrigatório em ambientes fechados. Unicamp e Unesp são exemplos. 

Apesar do uso da veste ter sido flexibilizado ‒ com exceção do transporte público ‒ pelo governo de São Paulo no último mês, a manutenção do uso dentro das universidades só reforça o descompasso entre os órgãos públicos e as instituições de ensino na cidade. Muito mais que um ruído de comunicação, criam-se bolhas paralelas à realidade cidade de São Paulo. Mas então, bota ou tira a máscara?

A resposta não é simples e deve ser construída a partir dos dados epidemiológicos da pandemia na cidade. Por um lado, não adianta manter se os estudantes não a usam fora do ambiente universitário. Do outro, cria-se uma proteção artificial e imaginada dentro das universidades. 

Lembro que este editorial não é condescendente à suspensão do uso da máscara, mas traz a visão de uma contradição que muitos observam no cotidiano e calam-se diante da imprudência sanitária, e de um diálogo cada vez mais desacertado entre o governo e seus produtores de saberes humanístico, artístico, tecnológico e científico.

Felizmente não temos nenhum senhor Han para nos obrigar a colocar ou a tirar nossas máscaras, mas o fazemos quase que involuntariamente. No contexto atual a sequência de movimentos não nos leva a nenhum aprendizado, mas uma coisa é certa: o uso da máscara continua sendo um importante aliado na prevenção e na queda dos números de infecções pelo coronavírus.