TUSP estreia nova sala de espetáculos para levar o teatro para a comunidade da USP

Semana de inauguração contará com aulas em torno da obra de Augusto Boal, teatrólogo famoso por usar o teatro como ferramenta de formação social

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por Patrick Fuentes

Foto: Luanne Caires/JC

O Tusp (Teatro da USP) acaba de inaugurar um novo espaço dedicado à produção teatral no campus, com a proposta de criar uma ponte entre o teatro e a comunidade universitária. Em sua primeira semana de atividade, a sala sedia um curso em torno do teatro do dramaturgo Augusto Boal, pautado em pautas políticas e sociais para emancipação dos praticantes.

Tradicionalmente localizado no centro histórico de São Paulo, na rua Maria Antônia, o Tusp acaba de ganhar uma nova sala de espetáculos, localizada no Campus Butantã. A nova sala fica localizada na lateral direita do Anfiteatro Camargo Guarnieri, escondida na passagem que liga o Bloco C do Crusp à Praça do Relógio. 

Para Maria Tendlau, orientadora de arte dramática do Tusp, o novo local traz uma oportunidade de troca de conhecimento entre a cidade universitária e a sede do centro histórico, uma ponte entre a comunidade uspiana e a cena teatral tradicional. 

“Esse novo espaço a gente imaginou com um perfil mais voltado ao atendimento para que a comunidade interna possa usufruir e também experimentar”, disse Tendlau “A gente tem pessoas de vários locais do país e de fora aqui, que pode ser um ponto de encontro de cultura universitária de convivência”. 

Para ela, o espaço abre oportunidades não só para alunos, mas também para professores e funcionários terem contatos com os palcos, seja como espectadores ou em cena. 

Dos palcos à política: a Obra de Augusto Boal

Foto: Luanne Caires/JC

Augusto Boal, morto em 2009, aos 78 anos, está entre uns dos maiores dramaturgos e teatrólogos do Brasil, conhecido por ser o fundador do Teatro do Oprimido, que fazia do teatro um instrumento de emancipação política dos seus atores. 

Para Tendlau, o teatro proposto por Boal tira o aspecto elitista da produção teatral, que limitaria o acesso de pessoas de realidades marginalizadas, e o transforma em uma ferramenta de expressão das contradições das forças que oprimem o ator e o auxiliam nas transformações sociais. 

“Durante o exílio, ele viajou por vários países da América Latina, tentando entender como era a formação e as técnicas do teatro popular para reproduzi-las”, disse a orientadora. 

Foto: Luanne Caires/JC

Em 1971, Boal foi preso e torturado pela ditadura militar e, após ser solto, se exilou na Argentina. Durante esse período, desenvolveu várias formas de jogos teatrais, como o Teatro-Fórum, que leva o espectadores para a cena, e o Teatro Imagem, desenvolvido com tribos indígenas do Equador, no qual os atores fazem imagens com os corpos dos colegas e objetos.

Sua obra sempre possuiu um cunho político forte, muitas vezes deixando de lado a questão estética para focar no objetivo social. Para Tendlau, é nesse aspecto do teatro do dramaturgo que está sua beleza: a simplicidade que permite com que todos possam participar e reproduzir.

Atualmente, o Tusp apresenta o espetáculo Hamlet 16×8, um monólogo interpretado por Rogério Bandeira e a direção de Marco Antonio Rodrigues. A peça é baseada na autobiografia de Boal Hamlet ou o filho do padeiro e nas relações e leituras feitas por Bandeira. O espetáculo segue em cartaz até 01/7, de terças, quartas e sextas às 18h e às quintas às 20h.