O grupo promove ensaios, aulas de teoria musical, de técnica vocal e de história da música
por Luiz Attiê
O CORALUSP é um projeto que, atualmente, faz parte dos quadros da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da universidade. É uma oportunidade para que as pessoas tenham acesso ao estudo teórico e prático do canto coral, assim como para que desenvolvam e refinem noções de musicalidade. Já são mais de 50 anos de história, o que começou como um coral dos alunos da Escola Politécnica e da Escola de Enfermagem da USP, hoje em dia é aberto para que qualquer pessoa participe.
São 15 grupos pensados em diferentes horários e para pessoas com diferentes afinidades com a música de modo que seja o mais inclusivo possível para a participação. “Eu lembro de ter dois caras cantando juntos que um deles era PhD em física e o outro era mestre de obras. E os dois cantavam lado a lado. Não existia nenhuma preocupação com o que eles faziam fora dali, ali eles tinham a mesma função que era cantar no naipe de baixo”, comenta o maestro Eduardo Fernandes, diretor artístico do coral. Ele é responsável por organizar a equipe do coral em questões de calendário e cronograma, além de ser o representante do coral quando há ações com outros grupos, como por exemplo a Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP), a qual participa de algumas apresentações com o CORALUSP.
Outro ponto relevante para que mais pessoas possam participar é que os ensaios não são feitos só na cidade universitária. Têm grupos que ensaiam no Largo São Francisco, na Lapa e na Bela Vista, permitindo que pessoas que não moram ou trabalham perto da USP também tenham a possibilidade de aprimorar o canto coral. Cada grupo também tem a liberdade de escolher seu próprio repertório, que vai desde obras do romantismo ou do barroco até músicas contemporâneas de rock ou MPB. Fernandes comenta que eles costumam trabalhar no mesmo projeto por cerca de um ou dois anos e que as decisões podem ser feitas pelo próprio grupo de acordo com o que eles têm interesse em aprender, a depender do maestro.
Além dos ensaios, os coralistas também têm aulas de teoria musical, de técnica vocal e de história da música. “A maior parte das pessoas que entram sabem cantar, mas não entendem muito da parte teórica, não sabem ler partitura ainda”, comenta Fernandes. O Maestro relata que a experiência acaba sendo a porta de entrada para o amor de muitos pela música. Ele conta sobre um menino que estudava geografia quando começou no CORALUSP e desistiu do curso para estudar música. Atualmente, está fazendo o seu mestrado na área na UNESP.
Durante a pandemia, houve uma dificuldade clara de adaptação, mas os ensaios não pararam. Por mais que fosse impossível sincronizar as vozes e os acompanhamentos todos pelas plataformas virtuais, isso serviu como oportunidade para ouvir os cantores individualmente, um por vez, podendo dar feedbacks mais específicos para cada um. “A gente virou regente e videomaker”, comenta rindo, dizendo que as apresentações tinham que ser por vídeo e que, eventualmente, eles começaram a produzir vídeos mais elaborados que “exercitassem a criatividade”. No fim, esses vídeos acabaram servindo também para melhorar a divulgação do grupo, uma vez que eles são mais fáceis de se compartilhar.
Além disso, o coral serviu como grupo de apoio durante esse momento para os coralistas. A rotina de encontrar os colegas duas vezes por semana mais a convivência faz com que as afinidades cresçam e esse suporte foi necessário para muitas pessoas. A “família coral” não poderia parar, mesmo com todas as restrições do distanciamento social, esse encontro rotineiro é de muita ajuda para aqueles que estavam se sentindo solitários nesse momento.
É um local de troca de experiências com pessoas de dentro e fora da comunidade USP convivendo com o mesmo objetivo de cantar. A única diferenciação entre eles é no tipo vocal. Qualquer pessoa acima de 18 anos pode se inscrever e, a princípio, a partir de agosto abrirão vagas para diversos grupos do CORALUSP.