Por onde anda a música na USP?

Historicamente um espaço de fomento à cultura e de nascimento de novas bandas e artistas, o cenário na Universidade de São Paulo já não é o mesmo

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por Beatriz Lopomo

Arte: Luisa Costa/JC

Chico Buarque, Ana Cañas, Arnaldo Antunes, Inezita Barroso e a banda Premeditando o Breque são apenas alguns dos nomes que já passaram pela Universidade de São Paulo (USP) e que contribuíram com a formação da música brasileira. 

Para além de alunos ilustres, a USP carrega um histórico de sediar eventos culturais e artísticos, com programas de tv, shows internacionais e apresentações de resistência. 

Em maio de 1973, Gilberto Gil pisou em um palco improvisado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para realizar um show gratuito organizado pelo Movimento Estudantil sob um contexto de intensa repressão da ditadura militar. O evento é um marco de resistência e um exemplo do papel que a USP exerceu no cenário musical. 

O Velódromo da universidade, atualmente inutilizado, já foi palco de diversos shows nacionais e internacionais, como Stevie Wonder, James Brown e Tom Zé. O anfiteatro da USP, por sua vez, já foi casa do programa “Bem Brasil”, transmitido pela TV Cultura. O apresentador e músico Wandi Doratiotto recebeu no palco Lulu Santos, Engenheiros do Hawaii, Daniela Mercury, entre tantos outros. 

Tradicionalmente um espaço de fomento à cultura e de nascimento de novas bandas e artistas, hoje a conjuntura na USP já não é a mesma. 

Rubens Portugal, aluno do curso de Engenharia Naval da Poli e membro da banda recém formada “Fantasmas do Farol”, conta um pouco sobre o estímulo para artistas dentro do campus: “Acho que são poucos espaços de incentivo especificamente para bandas. De vez em quando surgem alguns eventos tímidos, mas eles têm baixa adesão e faltam lugares para ensaios, com equipamento mínimo para a construção de um movimento artístico sólido”, explica.

“Além disso, o ambiente universitário da USP desestimula o fomento de atividades culturais e artísticas devido ao alto nível de cobrança acadêmica, sobrando muito pouco tempo para nos reunirmos”, complementa.

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Sobre possíveis ações que poderiam ser tomadas, o estudante defende que “poderíamos promover mais eventos de integração das bandas, como festivais de música envolvendo iniciativas de todos os departamentos.Também seria legal inserir esses movimentos nas atividades realizadas pelas organizações estudantis como grêmio, DCE e centros acadêmicos, além de disponibilizar espaços da USP para ensaios e programas relacionados”.