Comida desperdiçada no bandejão é reaproveitada por programas vinculados à USP

Projetos doam o excedente para instituições sociais e transformam sobras em biogás

por Lorraine Moreira

Foto: Reginaldo Ramos/JC

Os restaurantes da Universidade de São Paulo – Central, Física, Química e Prefeitura –  oferecem almoço e jantar pelo preço de R$ 2,00 para os estudantes. O café da manhã é R$ 0,50. O baixo custo dos pratos atrai milhares de alunos diariamente, o que explica o grande volume de produção das refeições. Segundo a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), no entanto, a quantidade oferecida e o consumo tendem a variar conforme o cardápio e o dia da semana. A fim de reduzir o desperdício de alimentos, existem programas que dão um destino mais sustentável para os insumos que seriam descartados.

A PRIP afirma que só o Bandejão Central “produz, diariamente, cerca de 350 kg de arroz, 230 kg de feijão e 1500 kg de frango, 800 kg de peixe ou 950 kg de carne bovina”. O planejamento das refeições considera não só componentes nutricionais essenciais ao corpo humano, mas também as preferências dos alunos. A finalidade é evitar o descarte de comidas e, consequentemente, prejuízos financeiros para a USP ou problemas ambientais.

“As perdas e desperdícios alimentares são responsáveis por até 10% das emissões de gases de efeito estufa. Eles utilizam terras e recursos hídricos preciosos para, essencialmente, nada”

No que tange ao meio ambiente, em uma escala mundial, “as perdas e desperdícios alimentares são responsáveis por até 10% das emissões de gases de efeito estufa. Eles utilizam terras e recursos hídricos preciosos para, essencialmente, nada”, de acordo com Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA. Em relação às perdas de recursos financeiros, em 2010, o custo da comida desperdiçada era de R$8 mil por dia para a Universidade de São Paulo. 

A PRIP explica que “o excedente de produção de alimentos é doado para instituições sociais, previamente cadastradas no ‘USP Alimenta’, evitando prejuízos financeiros à USP”. O projeto coordena a distribuição da comida, bem como faz o controle sanitário e a capacitação para o aproveitamento dos insumos concedidos. “Esses alimentos são utilizados pelas instituições no mesmo dia da entrega”, completa a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento. 

As sobras das bandejas dos alunos, por outro lado, são destinadas ao programa “Biodigestor” da faculdade, para a produção de biogás, conforme indica a PRIP. Basicamente, os resíduos orgânicos gerados no bandejão que seriam direcionados ao lixo se transformam em biocombustível. A medida é mais uma solução tomada pela USP frente aos problemas relacionados ao desperdício de comidas e pode incentivar o restante da sociedade na luta contra o descarte de refeições.