Feira de Profissões retorna à Cidade Universitária

Após duas edições em formato digital, Feira USP e as Profissões 2022 foi realizada presencialmente no campus Butantã

por Ana Júlia Maciel e Rebeca Fonseca

Foto: Ana Júlia Maciel/JC

A Feira de Profissões da Universidade de São Paulo, que aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de setembro, na Cidade Universitária, foi o passeio que Carla, mãe de João Pedro, planejou para o final de semana. O jovem de 16 anos tem afinidade com as ciências humanas, mas não sabe qual profissão seguir e espera conhecer algum curso que o interesse.

Definir um campo de atuação do qual se gostaria de fazer parte é um desafio comum na adolescência. O estresse da escolha se torna ainda maior  quando não há orientação. Carla conta que a escola pública em que João estuda não está preocupada em instruir os alunos com suas dificuldades de decisão nesse momento.

O evento organizado anualmente pela USP é uma forma de apresentar a universidade para os futuros alunos e responder suas dúvidas sobre os cursos. Após dois anos sendo realizado de maneira on-line, devido à  pandemia de covid-19, ele retornou ao formato presencial em sua 16ª edição. Nos três dias de feira, mais de 60 mil pessoas estiveram presentes. 

Além do retorno ao modelo presencial, 2022 marca a volta da Feira à Cidade Universitária, que não sediava o evento há nove anos.

Importância da Feira para a USP e para os estudantes

Em entrevista ao Jornal do Campus, Marli Quadros Leite, Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, afirma que o principal objetivo da feira é “mostrar a USP para a sociedade”. Ela acredita que a abertura da Cidade Universitária torna-se uma oportunidade de atrair possíveis interessados: “Para os futuros alunos saberem tudo que a universidade oferece”. 

A Pró-Reitora também conta que além de ser uma vitrine da universidade, o evento é feito para ampliar o horizonte de perspectiva dos estudantes sobre as carreiras. Beatriz Folk, de 17 anos, sempre pensou em cursar Astronomia ou Sistema de Informações. Ao passear pelo pavilhão de exatas, a jovem conheceu mais um curso de interesse e se encantou: Física Computacional. “Conhecer pessoas com experiência é interessante, falar com alguém que fez mestrado e licenciatura na área”, comenta.

A feira também é uma oportunidade para estudantes de escolas que não proporcionam espaços para discussão sobre o futuro profissional dos alunos. A experiência de Pedro Henrique e sua mãe mostra que o espaço pode trazer essa  reflexão para jovens que não a vivenciam em sala de aula.

Para avaliar a relação entre a Feira e a entrada dos alunos na universidade, a Pró-Reitora conta que será criada uma métrica. A partir de 2022, no questionário de inscrição para o vestibular da Fuvest, o candidato deverá responder o ano mais recente em que participou do evento. A pergunta permitirá quantificar o impacto da Feira e se seus objetivos são atendidos.

Atividades oferecidas nos dias de feira

As dinâmicas  se concentraram na Praça do Relógio e foram divididas em pavilhões de acordo com as áreas do conhecimento. Nesses  espaços, alunos e docentes da USP conversaram com os visitantes sobre graduações de ciências humanas, exatas e biológicas. Havia áreas para cada  curso e a circulação dos visitantes por elas  era livre. 

Filas extensas foram formadas na porta dos estandes para que as pessoas pudessem participar das atividades. Após saírem das instalações, alguns estudantes relataram que o espaço dentro dos estandes era apertado, o que dificultava a mobilidade. Outra reclamação comum foi sobre o deslocamento até a universidade, porque os ônibus circulares do campus estavam lotados.

Fila para entrar nos pavilhões. Foto: Ana Júlia Maciel/JC

Dúvidas sobre os cursos no Museu de Arqueologia e Etnologia, no Museu de Zoologia e no Museu de Arte Contemporânea foram esclarecidas  na Praça dos Museus. Também na Praça do Relógio, foram montadas salas de bate-papo, onde professores realizaram conversas com os estudantes interessados. Com hora marcada, os docentes  apresentaram em maior detalhe os cursos, o mercado de trabalho e responderam dúvidas sobre o vestibular e o que significa ser aluno da USP. Todos os bate-papos foram gravados e estão disponíveis no YouTube. 

Passeios de ônibus foram organizados para que os visitantes pudessem conhecer diferentes pontos da Cidade Universitária. Chamada de Giro Cultural, a viagem foi guiada por um monitor que explicou as localidades para os vestibulandos, enquanto permaneciam dentro do veículo  ao longo do caminho. Ao sair do ônibus, Luana Katerine estava impressionada. A percepção que a estudante tinha da universidade era pequena e, segundo ela, o Giro mostrou que a USP é enorme e atende muitas pessoas.

Fila para a Oficina de Orientação Profissional. Foto: Lara Paiva/JC

A programação também se espalhou pelo campus. A Oficina de Orientação Profissional aconteceu no Centro Escola do Instituto de Psicologia da USP (CEIP) e ofereceu aos visitantes uma oportunidade de reflexão a respeito das possibilidades relacionadas à carreira profissional. A atividade propôs a elaboração de um roteiro para a escolha profissional com base em afinidades pessoais. Maria da Conceição Uvaldo, psicóloga e responsável pela oficina, conta que o evento proporciona uma noção em torno das inúmeras possibilidades de carreira. Um processo  elucidativo,  ao considerar o sentimento de confusão dos jovens, que foi intensificado pelos anos de pandemia.

Exposição na Praça dos Museus. Foto: Ana Júlia Maciel/JC

Também realizada no CEIP, a Oficina de Reescolha de Curso teve como público-alvo aqueles que já estão inseridos no ensino superior, mas que ainda vivenciam momentos de insegurança e possuem dúvidas sobre seus futuros caminhos profissionais. 

Especialistas em educação e professores universitários conversaram com  estudantes que almejam ser professores. A orientação, que ocorreu no Inova-USP, mostrou a importância da carreira e as possibilidades dentro da Universidade de São Paulo. Por meio do diálogo com esses especialistas, atuantes em diversas áreas do conhecimento, os participantes puderam esclarecer dúvidas e traçar caminhos que os levem até o exercício da profissão. 

Oficina de reescolha de carreira. Foto: Lara Paiva/JC 

No Anfiteatro Camargo Guarnieri, os visitantes puderam participar de atividades interativas de canto e assistir a uma apresentação do Coralusp em homenagem a Maria Arminda, vice-reitora da USP. A cultura também esteve presente no Cinusp, que exibiu quatro filmes nacionais.