Como foi a Semana de Arte e Cultura da FFLCH?

A Semana marcou a importância de projetos de extensão cultural dentro do ambiente universitário

por Julia Custódio

Foto: Amanda Marangoni/JC

A Semana de Arte e Cultura é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP com as diferentes unidades e campi. O evento foi criado em 1997 e reúne voluntariamente os talentos espalhados pela Universidade. Esse ano, a Semana aconteceu entre o dia 26 e o dia 30 de setembro. O Jornal do Campus acompanhou de perto as atividades realizadas na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

Importância da Semana para docentes e discentes da unidade

Para Giliola Maggio, membro da comissão organizadora da Semana na FFLCH, o evento “é de fundamental importância, tanto para alunos, quanto funcionários e docentes da Unidade, pois assim é possível incentivar a expressão cultural da comunidade interna da USP. Dessa forma, é possível também, trazer para a FFLCH, não só alunos, professores e funcionários de outras unidades, mas principalmente integrar universidade e sociedade, fazendo aflorar o potencial cultural de todos”.

De segunda a sexta, foram realizadas cerca de 21 atividades administradas por alunos, docentes e funcionários da FFLCH, que variavam entre as diversas áreas culturais: literatura, cinema, música, dança, artes plásticas e teatro. Segundo Giliola, as inscrições foram feitas por formulário enviado aos docentes e discentes com sete dias de antecedência.

No evento, a sala de aula foi muito além da estrutura usual e se tornou palco, pista de dança, estúdio artístico e espaço para discussões sobre vida e arte. A FFLCH foi um cenário de intervenções artísticas e interação entre comunidade universitária com arte de protesto e de resistência.

Oficina de protesto de fotografia. Os cartazes foram espalhados pela FFLCH. Fotos: Rodrigo Mantoan Cavalcante Muniz

Giliola também ressaltou que a Semana espelha a importância do ensino e de pesquisas, os quais desembocam em projetos de extensão que permitem o acesso interno e externo à USP.

A semana

Inscrito, sem saber, em uma oficina pelo amigo, Rodrigo Mendonça abriu espaço para discussões sobre literatura e autoficção ao lado de Charles Marlon — o amigo que os inscreveu sem contar. Ambos são mestrandos de Letras e autores publicados, e conversaram com os alunos sobre seus livros.

No bate papo, de cerca de duas horas, os autores discutiram sobre a forma que a literatura estuda a complexidade da vida e como ficcionalizar o dia-a-dia dá sentido às diversas experiências humanas. 

Além das palavras, a oficina “Cultura Hip Hop da ponte para cá” combinou música, dança e protesto através do Hip Hop. Organizada pela Kathleen Borba Lourenço, estudante de Letras, a oficina teve como objetivo trazer a cultura periférica para dentro da USP e apresentar suas multiplicidades.

Se apresentaram os dançarinos Murilo, de 18 anos, que se considera um “dançarino em constante aprendizagem”, e Thainara Ohana, que combinou em sua performance figurino e maquiagem para expressar a luta anti-racista através da dança e música. Também foi realizado um bate-papo com os dançarinos e b-boy, Will, além da apresentação do grupo The Legacy, coletivo de danças urbanas da cidade de Mauá.

Nas artes plásticas, Francisco Silva Neto, mestrando de Filosofia, questionou o belo. O que faz uma obra ser uma obra de arte? Para abrir essa discussão, Francisco falou sobre a estética na filosofia, alguns conceitos kantianos e questionou as belas artes. 

Para colocar a discussão em prática, o belo foi estudado a partir da anatomia humana. Foram distribuídos materiais de pintura para os participantes da oficina que fizeram um exercício de observação de poses e desenho do corpo humano.

Foto: Amanda Marangoni/JC

O Espaço Salutar, ONG que ensina capoeira a crianças periféricas de Boituva, marcou presença no último dia da Semana. A visita do Salutar à USP foi organizada pela Suelen Marcelino, mestranda em história social. Ela contou sobre a importância de mostrar às crianças que a Universidade não é um lugar inalcançável e que elas pertencem à USP.

Nas atividades desenvolvidas durante a oficina, o contramestre Dal misturou alunos do Salutar com os estudantes da FFLCH que passavam pelo vão, e em uma brincadeira que misturava musicalidade e movimentos, trouxe vida ao ambiente universitário. Além disso, apresentou a capoeira em seu contexto histórico e sua importância na luta contra a opressão e como ferramenta política. 

Foto: Amanda Marangoni/JC

No encerramento da Semana de Arte e Cultura, uma dupla fez sua estreia: Sinuhe, estudante de Letras, e Luisa Ramos fizeram seu primeiro show, apresentando músicas autorais e covers da MPB. A dupla brincou com a iluminação do ambiente e transformou a sala de aula em seu palco principal.

Foto: Amanda Marangoni/JC