O dia seguinte

Lula lá e Tarcísio aqui: depois do furacão, o que espera a USP?

por Gabriel Gama

Arte: Rebeca Fonseca/JC

O ano de 2022 caminha para seu fim como um dos mais tensos da política brasileira recente. As eleições aconteceram e o país sai rachado ao meio, com pouco mais de 2 milhões de votos de diferença entre Lula e Bolsonaro. Os extremistas fiéis ao bolsonarismo verde e amarelo esperneiam nas ruas e na internet, implorando pelo retrocesso.

Mas a maioria escolheu a democracia, ainda que por um triz. O clima é de retomada da política organizada e diplomática, com o Brasil voltando a enxergar um horizonte de normalidade institucional e prestígio no cenário internacional.

Aos poucos o furacão disruptivo de Bolsonaro dos últimos quatro anos faz a transição para o tempo passado: o que espera a USP no governo estadual de Tarcísio de Freitas e federal de Lula?

Tarcísio já deu sinais claros — ou melhor, ausências claras — de que não tem propostas para a USP. Conforme levantamento do Jornal do Campus, não há qualquer menção à Universidade em seu plano de governo, portanto, é de se esperar que a instituição enfrente dificuldades na gestão do ex-ministro simpático aos delírios do capitão destronado.

E não há surpresa nisso, uma vez que Tarcísio sequer possui vínculos com São Paulo: carioca, o governador eleito construiu sua carreira política fora do estado que comandará pelos próximos quatro anos e mostra desconhecimento sobre a realidade dos paulistas em diversas falas. Não é possível ter um olhar otimista em relação ao futuro imediato das universidades paulistas sob uma gestão que não as inclui no plano de governo. Como ficará o orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)? Há risco de cortes orçamentários nas instituições de pesquisa do estado? Resta aguardar para observar as consequências da escolha do eleitorado paulista.

Quanto ao governo federal, há expectativa de subida nos níveis de oxigenação da democracia e restabelecimento de políticas sociais e educacionais que podem beneficiar a USP. Programas de fomento à pesquisa, à ciência, à expansão das parcerias internacionais e de aumento do orçamento da educação são medidas que caminham na direção de um retorno à valorização das universidades e do ensino superior e podem vir a ser implementadas no futuro governo Lula.

Da parte do JC, permanece o objetivo de entregar jornalismo de qualidade, atento às mudanças na Universidade e na sociedade e que fiscaliza o poder público. Que venham tempos melhores para o Brasil e São Paulo. Temos fome de futuro.