Suásticas no DCE: “Instâncias da USP precisam responder para além do movimento estudantil”

Rosa Baptista, integrante do Diretório, defende a responsabilização dos autores de pichações neonazistas e critica a falta de ação da Universidade

por Gabriel Gama

Suástica encontrada no Diretório Central dos Estudantes da USP. Fotos: Larissa Leal/JC

No último dia 29, terça-feira, oito suásticas foram encontradas nas paredes da Vivência do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, local de grande circulação e convívio de estudantes. Embora seja longa a história de ataques neonazistas na Universidade, é o primeiro caso de agressão do tipo no DCE.

Rosa Baptista, estudante de Educomunicação na Escola de Comunicações e Artes, militante do coletivo Juntos! e diretora do DCE, comenta que as pichações neonazistas em espaços da USP surgiram inicialmente nos campi do interior e depois alcançaram a capital.

Em sua perspectiva, a pichação de suásticas no DCE é um ataque direto à organização: “A gestão atual do Diretório se reivindica como antinazista há muito tempo e nos elegemos com um discurso antifascista, manifestando nossa luta para que a USP seja um território democrático e livre de fascismo”.

A diretora evidencia que as características das pichações são peculiares. “[As suásticas] foram feitas às escuras, estão escondidas e são desenhos pequenos. Ao nosso ver, os neonazistas devem ter medo, a Universidade não é lugar para eles, não serão aceitos aqui”.

A importância da ação e punição

Pichação de cunho neonazista na Escola de Comunicações e Artes.

Rosa explica que o DCE encaminhou um ofício à Reitoria da USP solicitando a investigação de neonazistas no campus. Em nota, a Universidade disse que “não admite qualquer forma de apologia ao nazismo e ao preconceito racial em suas dependências” e informou que a Guarda Universitária esteve no local e solicitou que as pichações fossem apagadas, embora não haja registro de boletim de ocorrência.

“A USP não responde à altura, nenhuma entidade maior se posicionou sobre isso. Os neonazistas vão seguir escondidos, às sombras, é preciso investigá-los”, manifesta Rosa.

“As instâncias da Universidade precisam responder para além do movimento estudantil, dentro dessa perspectiva não cabe mais ao movimento. Deve atingir instâncias maiores e legais que a USP precisa acionar.”

A legislação brasileira prevê o crime de apologia ao nazismo por meio de símbolos ou propaganda do regime, enquadrado na Lei 7.716/1989 e com pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.