Para além do futebol, do basquete e do vôlei: a diversidade de esportes da USP

Universidade de São Paulo abre portas para modalidades mais difíceis e pouco difundidas no Brasil, como o atletismo, o softbol e o rúgbi

por Erick Lins e Leonardo Vieira

O judô é um esporte cuja prática não é de fácil acesso. No Cepeusp há um espaço com tatames. Foto: Dani Alvarenga/JC

Falar da vivência universitária e não citar a prática esportiva é algo muito difícil. E, mesmo com pouco incentivo para o setor no Brasil, saúde e pertencimento ainda estão entre os fatores que tornam o esporte universitário tão atrativo. 

Mas, para além de esportes populares como futebol, basquete e vôlei, a universidade abre espaço para uma diversidade esportiva que engloba modalidades menos conhecidas.

Na USP, o atletismo, o softbol e o rúgbi são esportes que, apesar do pouco apelo fora deste ambiente, possuem aderência dos estudantes e um espaço específico – o Centro de Práticas Esportivas (CEPE). 

Karina Tarasiuk, 22, estudante de jornalismo e diretora do time de atletismo da ECA, conta que, desde muito jovem, sempre foi muito ativa. “Fazia natação e corrida, mas foi só quando eu entrei para a equipe que passei a treinar em pista e com treinador”. Ela diz que, para atrair novos membros, estão “mais ativos no Instagram, tentam interagir e sair com a galera mais nova para gerar a sensação de pertencimento“.

A pista de atletismo do Cepeusp abriga os treinos e
a modalidade nos jogos universitários. Foto: Dani Alvarenga/JC

Segundo ela, há uma ótima estrutura no CEPE, mas os equipamentos e materiais estão velhos e em condições ruins. Apesar disso, a USP ainda é uma das poucas que possui uma quadra para a prática do esporte e, por isso, ele ainda não foi incluído no JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Arte). Mas, a principal competição para o time é o BIFE. “Ele é  realizado uma semana antes das outras modalidades no próprio CEPE, já que as cidades sedes não possuem uma boa base para a prática do atletismo. 

O encontro com o esporte também foi viável somente por meio da USP para Bruno Lucca, 21, estudante de medicina e diretor de rúgbi da FMUSP. O estudante cita a importância da prática para a aproximação entre os colegas de time: “É um esporte de equipe. Nós temos que estar bem conectados para os lances rolarem, além do confronto, que cria um vínculo com o time”, conta. 

O jovem também salienta as dificuldades impostas pelo rúgbi, modalidade pouco difundida no país: “Tentamos contornar isso sendo legais e incentivando os calouros a partir de conversas e divulgação em redes sociais.” E, assim como no atletismo, a USP é um diferencial devido à infraestrutura: “Não é todo lugar que possui uma quadra de rúgbi, só conheço a do Cepe e uma no Tatuapé”.

Já para Melissa Yamate, 22, estudante de economia da FEA-USP e atleta de softbol, os benefícios do esporte “vão desde adquirir mais disciplina e resiliência, até lições sobre respeito pelas pessoas e coragem para seguir em frente. A prática é complexa e exige habilidades específicas, então desenvolvemos a capacidade de adaptação”, conta.

A atleta fala também sobre as dificuldades do softbol no meio universitário, como os horários de treino pouco convidativos para pessoas que precisam trabalhar e as dificuldades financeiras por se tratar de um esporte caro, visto que os materiais possuem um alto preço e são difíceis de se encontrar. Por fim, Melissa destaca que o preconceito é uma das barreiras para a difusão plena da prática: “precisamos refutar esse estrangeirismo ao deixar claro que sim, é um esporte cultural no Japão, mas isso não deve ser um motivo para pensá-lo como esporte de uma etnia específica”, argumenta.