Depoimentos de alunos e professores

O JC ouviu opiniões de alunos e professores sobre as greves, os piquetes, os confrontos com a Força Tática e a representatividade do DCE (leia mais). Mande também seu depoimento para o e-mail jornaldocampus[@]usp.br.


“Eu era contra a greve até o confronto. Sou neutro com relação à Univesp e acho que a readmissão do Brandão e as reivindicaçõs salariais de funcionários e professores não justifi cam a greve dos estudantes. Sou apenas contra a PM para impedir as manifestações”
Eduardo Gonçalves – aluno de Meteorologia, IAG

“Sou contra os piquetes, pois o convencimento deve ser feito através da palavra e não pela força. Os piquetes criam uma tensão entre a classe dos funcionários”
Rafaela Almeida da Silva – aluna de Matemática, IME

“Há outros meios de resolver essas questões sem afetar o “Bandejão”, o Cepe, as bibliotecas e os circulares. Os funcionários precisam usar a lei para garantir seus direitos. A lei está aí pra todo mundo, é só correr atrás”
Mirella Rampazzo – aluna de Relações Públicas, ECA

“Não estou em greve. Não considero este o melhor modo de obter o que se deseja, além de achar incoerente tantos alunos pararem enquanto muitos queriam estar estudando na USP e não podem”
Rafael Almeida – aluno de Engenharia de Produção, Poli

“A princípio acatei a decisão dos alunos de entrar em greve. Mas como os professores não acataram e confirmaram entrega de trabalho, mudei de idéia, pois corro risco de reprovar por conta da greve. Prefiro não correr o risco, então não aderi”
Amanda Tiemi – aluna de Arquitetura, FAU

“Os confrontos foram normais. É parte do processo democrático. Se a polícia chegasse para os estudantes e pedisse “Por favor, saiam daqui”, eu acharia estranho. Eles consideravam que o que estavam fazendo era importante. Mas a polícia tinha que tirar os estudantes, e não adiantava chegar falando ‘Com licença, você
poderia se retirar?’. É assim que são as coisas”
Roberto Stegun – Professor da Faculdade de Odontologia

“Os piquetes são ruins, porque impedem trabalho e estudo, mas entendo sua importância. Sem isso, o movimento grevista perde força. Não adianta nada paralisar se outras pessoas continuam a realizar suas atividades. É uma forma de serem ouvidos”
Felipe Cruz – aluno de Educação Física, EEFE

“A reitora perdeu a legitimidade a partir do momento que pediu para a PM intervir. Não culpo policial nem estudante. Quem tinha que tomar conta disso
era a reitora e ela não conseguiu”
Richard de Oliveira – aluno de Psicologia, IP

“A presença da PM no campus foi desnecessária, pois temos um órgão específico para cuidar disso, que é a Guarda Universitária”
Carlos Tavantes
– aluno de Farmácia, FCF

“A Odontologia, a Medicina, a FEA, a Poli, fazem parte de ‘outra’ USP, totalmente oposta a idéias de algumas faculdades”
Rodolfo Thomé Cocco – aluno de Odontologia, FO

“O DCE tem mais ‘politicagem’, questões de partidos políticos, do que vontade de ajudar os alunos. Por isso, eu não participo do movimento”
Débora Loturco da Silva – aluna de Química, IQ

“O DCE representa a todos. Se ele não representa a minha opinião, não é por imposição, mas porque não fui lá discutir e acrescentar algo”
Heitor de Andrade Pinto – aluno de Arquitetura, FAU

A polícia é o braço da justiça, e se houve um mandato de reintegração de posse, quem tinha que vir era a polícia mesmo”
Cassiano Bortolozo – mestrando em Geofísica, IAG

“É uma medida que deve ser vista com certa cautela e ponderação. É fundamental destacar que em um Estado Democrático de Direito a polícia é, como sabemos, de suma importância como um instrumento garantidor dos direitos fundamentais e individuais dos cidadãos. Porém, tal instrumento não pode ser subvertido para o uso de práticas autoritárias e que passem por cima de valores essenciais tão caros para a existência do regime democrático, como a livre manifestação de idéias e a liberdade de associação pública”
Guilherme Missali – aluno de Direito, FD

“Achei absurda a entrada da polícia, porque isso não acontecia desde a ditadura. A manifestação dos estudantes não foi de depreciação, nem do campus nem de ninguém, não era necessário chamar a PM. A reitora fazer isso foi uma forma de repressão muito forte. Acho que, pelo o que ela já “tomou” em 2007, não queria que a repercussão continuasse. Mas não adiantou, porque todos começaram a se mobilizar mais ainda”
Marina Batista – aluna de Terapia Ocupacional, Fofito

“Acho [os piquetes] muito agressivos, pois creio que tem que haver liberdade das duas partes, com conversas entre ambas. A barreira física é algo que impõe uma vontade a pessoas que não partilham dessa mesma vontade”
Fabiana Marchiori – aluna de Psicologia, IP

Olhando para eles [policiais], imaginei um retrocesso, me remeteu a várias imagens que vi do período da ditadura. Naquele momento, tive a sensação de que um processo estava se iniciando, uma escalada de repressão, de uma forma de ditadura de totalitarismo”
Otávio Oscar – aluno de Artes Cênicas, ECA

“Sou a favor do policiamento do campus para proteção do patrimônio público. A reitora, porém, utilizou a força policial como forma de se proteger, em vez de dar prosseguimento ao diálogo”
Douglas Pedroso – aluno de Física, IF

“Eu acredito que a ação da Polícia Militar foi exagerada, mas ela não faz nada de graça. Sou a favor da PM no campus para o policiamento e para evitar que grupos atrapalhem a harmonia da USP (com pressões para adesão à greve, por exemplo)”
Bruno Laranjeira – aluno de Contabilidade, FEA

“Eu pretendo ser professora e eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para melhorar a escola pública, onde eu pretendo atuar. Não sei se vamos conseguir derrubar a Univesp, mas acredito que alguma coisa deve ser feita. Eu não sou contra o ensino à distância, que pode ser usado como extensão ou complementação, mas para o ensino de base não acho que dê certo, principalmente porque o professor precisa dessa experiência aluno-professor.”
Maria Júlia Montero – aluna de Letras, FFLCH

“É lamentável o que aconteceu [confrontos]. O que houve foi culpa de uma pequena minoria, radical, que tira a legitimidade das reivindicações justas. O que acontece é que a PM não bate a esmo, teve algum motivo para acontecer o que aconteceu. Estava chegando na USP no meio do confronto, e cheguei a ver alunos com rojões nas mãos. Eles já vieram preparados”
Fernando Shertman – aluno de Matemática, IME

“Houve excesso das duas partes. Mas o confronto nunca teria acontecido se a PM não estivesse presente no campus e não era pra estar”
Flávia Machado – aluna de História, FFLCH

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

(trecho de “No caminho, com Maiakovisk”, de Eduardo Alves da Costa, publicado na capa do informativo da Associação dos Docentes da USP [Adusp])

No primeiro ano, eles bloquearam
a entrada da Reitoria,
E nós não fizemos nada.
No segundo ano, eles fecharam a
creche à força,
E nós não fizemos nada.
No terceiro ano, eles invadiram a
Reitoria e impediram o funcionamento
normal da Universidade,
Até que enfim alguém reagiu à
truculência do Sintusp.

(Poema do professor Severino Toscano, do IME, colocado em mural da unidade)