USP pode ser investigada por gasto de R$ 30 milhões em terrenos e imóveis

A Universidade de São Paulo pode ter que respon­der pela compra de três imóveis, um terreno e 40 vagas de estacionamento no valor total de R$ 35,4 milhões. Foi aberta uma represen­tação junto ao Minis­tério Público pelo Deputado Estadual Carlos Giannazi (Psol) para pedir explicações à reitoria sobre as compras realizadas. Se confirmada alguma irregularidade, o reitor da universidade, João Grandino Rodas, poderá responder por uso indevido de verba pública.

De acordo com um parecer assinado pelo Professor Michel Micha­elovitch de Mahiques, membro da Comissão de Orçamento e Patrimô­nio da USP, os imóveis adqui­ridos apresentam melhores con­dições para o desenvolvimento das “atividades-meio” da universidade.

Edíficio Louis Pasteur, onde foram adquiridos dois conjuntos comerciais por R$ 3,6 milhões (foto: Firas Freitas)
Edíficio Louis Pasteur, onde foram adquiridos dois conjuntos comerciais por R$ 3,6 milhões (foto: Firas Freitas)

Acusações

Os conjuntos comer­ciais e vagas adquiridas pertenciam à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fa­pesp) que, por se tratar de órgão estadual, dis­pensou processo licita­tório. No entanto, o do­cumento entregue pelo deputado ao Ministério Público cita a disparida­de das aquisições com as recentes medidas de racionalidade no orça­mento da universidade.

A representação acu­sa a reitoria de realizar medidas “que visam, ine­xoravelmente, extinguir cursos, reduzir vagas, enxugar quadros de fun­cionários e outras ações, que a priori são ‘sanea­doras’ e zelosas com o orçamento (…) às custas do sacrifício educacio­nal, sendo a oferta e a qualidade do ensino de nível superior finalida­des primárias da USP”. De acordo com Gian­nazi, a representação se justifica devido à falta de prioridade na aplica­ção dos recursos. “É um desperdício de dinheiro público. Ele deveria in­vestir na universidade. Se há a necessidade de novos espaços, é possível construir dentro da USP. Há espaço lá dentro”, defende o deputado.

Nos imóveis adqui­ridos próximo da re­gião da Avenida Paulista funcionam atualmente um es­tacionamento, na Rua da Consolação, 268, no valor de R$ 7,4 milhões, e um andar comercial do edifício Luis Pasteur, onde está instalada a empresa Avipam Turismo e Tecnologia, adquirido por R$ 3,6 milhões. Em nenhum destes locais havia in­formações sobre uma possível mudança nos estabelecimentos.

O Jornal do Campus entrou em contato com Carlos Mionis, respon­sável pela Avipam Turismo, mas ele afirmou que só poderia dar detalhes sobre o processo de saída do imóvel após falar com a Reitoria. O JC também pediu esclarecimentos para a reitoria, que não respondeu até o fecha­mento desta edição.