Grupo de Pesquisa do Institut Pasteur pretende melhorar a vacina da gripe a partir do monitoramento do vírus da influenza
Por Beatriz Garcia e Sofia Zizza*
O novo projeto do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) monitora a presença do vírus da Influenza em amostras de águas residuais de São Paulo. Coordenada pelo Grupo de Pesquisas de Vigilância Genômica e Inovação em Vacinas, o objetivo da pesquisa é melhorar as vacinas já existentes contra a gripe.
Em entrevista ao JC, o coordenador do grupo, Dr. Rubens Alves, explica que a relevância do estudo está na variedade de vacinas em uso e na necessidade de atualização anual delas. “Os vírus que são detectados em um certo lugar do hemisfério sul, daqui a 6 meses, vão para o norte com mutações”, acrescenta.
Inspirado na eficaz produção de vacinas durante a pandemia da Covid-19, o pesquisador explica que o objetivo do grupo não é criar vacinas para o mercado, mas sim diminuir a necessidade de monitoramento para atualização. “Estamos tentando mostrar que talvez a gente consiga fazer vacinas que sejam atualizadas mais rapidamente.”
O coordenador afirma que o processo de monitoramento servirá para identificar a assinatura genética do vírus nas amostras de água, produzir um modelo de dinâmica viral e, a partir disso, “influenciar decisões políticas
de como melhorar o manejo de potenciais surtos de gripe que podem acontecer”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 bilhão de casos da gripe causada pelo vírus da Influenza são registrados anualmente. Destes, de 3 a 5 milhões são graves. A OMS monitora continuamente os vírus da gripe e sua atividade global, além de recomendar a vacinação contra a influenza duasvezes por ano, com foco nas épocas de contágio.
DENTRO DA USP
O Institut Pasteur de São Paulo é uma associação privada sem fins lucrativos fundada pelo Institut Pasteur, de origem francesa, e pela USP em março de 2023. Localizada na cidade universitária, a sede brasileira desenvolve pesquisas de alcance internacional no campo das ciências biológicas.
Em entrevista ao JC, a diretora executiva do centro, Dra. Paola Marcella Camargo, explica que a maior vantagem do Laboratório estar dentro da universidade é a contribuição de grandes virologistas brasileiros para pesquisas de doenças emergentes.
Já para os estudantes, Paola diz que o benefício é a possibilidade de participação no meio científico. O Institut recebe estudantes por meio de concursos, com requisitos a depender de cada projeto.
A Rede Pasteur alcança cerca de 25 países e coopera para integrar a comunidade científica com as questões locais de saúde pública e de impacto global. Paola explica que o instituto também oferece oportunidades de intercâmbio para os estudantes: “nós não queremos que os estudantes fiquem aqui anos e anos no mesmo laboratório, mas queremos formar essas pessoas para que elas possam ir para os laboratórios de ponta no exterior e, quando elas vierem para cá, elas montem seu laboratório”.
Nesta dinâmica integrativa com diversos laboratórios espalhados pelo mundo, a diretora afirma que os alunos participantes são incentivados a enriquecer a ciência do Brasil a partir das vivências no exterior. Os pesquisadores têm acesso a cerca de 35 laboratórios da Rede Pasteur. “São cientistas trabalhando com as mais variadas coisas e os nossos estudantes têm a possibilidade de entrar em contato com eles”, acrescentou Paola.
Vagas abertas |
O projeto da vacina está procurando pesquisadores de pós-doutorado em Virologia, Imunologia e áreas relacionadas até o dia 22 de setembro. Para participar da seleção envie em PDF seu CV Lattes, carta de motivação (1 página) e duas cartas de referência para o email: survivax.ipsp@gmail.com. |
*Com edição de Lívia Uchoa