Editorial: Um olhar para as contradições uspianas

Por Sarah Kelly

A semana marcada pela madrugada mais fria do ano seguida por dias de calor também trouxe oscilações para a turma do quarto período de jornalismo. Entre tensão e empolgação, conseguimos concluir a nossa primeira edição do Jornal do Campus. Este jornal em suas mãos, leitor, não é apenas um trabalho de faculdade, ele é a oportunidade de noticiar questões que observamos todos os dias e, mais do que isso, é a chance de investigar os lados contraditórios das histórias que a comunicação institucional não abrange.

Aos poucos, percebemos que o noticiário do JC é de contradições – afinal, a USP também é cheia delas. Se, por um lado, celebramos a participação de uma uspiana nas Paralímpiadas de Paris e a existência do centro de treinamento paralímpico da USP de Ribeirão (p. 4 e 5), do outro lado temos de falar de problemas recorrentes, como o (in)acesso à cidade universitária para a comunidade externa (p. 3 e 15) e o tempo gasto em filas (p. 7). Na editoria de ciências, o contraste é nítido: a USP avança em pesquisas inovadoras e relevantes à sociedade, mas estudantes ainda sofrem para permanecer com as bolsas de iniciação científica (p. 12 e 13).

Embora haja mais valorização de minorias, como exemplifica a abertura do Centro de Estudos Palestinos e a homenagem à Maria da Penha (p. 10 e 14),  a USP caminha a passos lentos quando se trata da inclusão indígena (p. 10). Nesse quesito, a universidade ainda está atrasada em relação à Unicamp e outras instituições que já possuem vestibular específico para indígenas, repetindo o atraso que teve na adesão de cotas raciais em 2018. Em meio a tantas dificuldades latentes, a edição 542 mostra que ainda dá pra ser feliz na USP, a crônica da última página e a matéria sobre as corridas no Campus (p.4) são exemplos disso.

Parece difícil comportar em 16 páginas as várias nuances que a Universidade de São Paulo carrega, mas seguiremos tentando nestas edições. Para cumprir melhor esta missão, queremos estar mais próximos de você, leitor, e por isso pedimos que nos acompanhe e fale conosco nas redes. Agora, além de ler os textos na versão digital pelo site ou pelo Instagram, você pode conferir os bastidores das produções no TikTok (@jornaldocampus).