Já é BIFE: os 25 anos da mimosa

Com mais de duas décadas de história, o campeonato segue sendo um símbolo do esporte universitário

Foto: Miriã Gama/JC

Escrito por Lívia Uchoa*

Esportes, amizade, diversão e memórias. São palavras comuns quando se trata de um dos mais importantes jogos universitários da USP: o BIFE. Inicialmente com apenas quatro atléticas, o campeonato se expandiu, se transformou e em 2024 comemora 25 anos.

Criado em 1999, o BIFE é resultado da união das atléticas do Instituto de Biologia (IB) – atualmente conhecida como ICBIÓ, com a agregação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Oceanografia (IO) –, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA), cujas iniciais formam o nome da competição.

A atual presidente da organização e graduanda em ciências biológicas no IB, Stefani Bonassi, conta que o BIFE surgiu após algumas atléticas não poderem participar participar do InterUSP – tradicional torneio universitário que reúne diversas atléticas, entre elas a Medicina USP Pinheiros, a Escola Politécnica e a Faculdade de Direito. “O BIFE é resistência. Ele nasceu para as atléticas menores, que não participavam do InterUSP, terem um inter para competir. O campeonato abraça muitas atléticas pequenas e dá uma chance delas irem para campeonatos e unirem seus times.”

Atualmente com dez atléticas fixas, incluindo as fundadoras, e duas convidadas, o BIFE continua com a proposta de incluir diferentes times. Para Cléber Ribeiro, atleta de handebol e vôlei desde 2014 pelo IME, além do aumento do público com a entrada de novas atléticas, a dificuldade dos jogos foi uma das principais mudanças: “o nível esportivo aumentou muito, os times foram ganhando experiência, se juntando com outras faculdades e se desenvolvendo. Hoje, ninguém sabe quais vão ser os times na final, todos que estão participando tem condições de ganhar”.

Para além do campo

A adição de novas modalidades também representou uma importante mudança no perfil dos jogos. O atual Diretor Geral de Esportes (DGE) da ECA, João Pedro Zanforlin, mais conhecido como Joiner, explica a inclusão dos e-sports [itálico] (esportes eletrônicos) como modalidade, em 2018. Ele conta que o E-BIFE foi criado para contemplar o público gamer, em ascensão na universidade: “é algo que está crescendo muito, diversos times e faculdades que estão fora do BIFE querem participar”.

Joiner conta que durante a pandemia de Covid-19 os e-sports foram essenciais para manter o torneio vivo, já que a modalidade era a única com possibilidade de competição, mesmo com o isolamento. “Hoje o E-BIFE é o maior campeonato on-line da USP”, acrescenta. A modalidade é realizada em dois dias, antes dos demais jogos. Neste ano, ele aconteceu nos dias 29 de setembro e 20 de outubro, na Escola ZION, em Santo Amaro.

Além da valorização do esporte universitário, o BIFE promove um espaço de criação de memórias, amizades e, principalmente, permanência estudantil. Cleber relata que participar do campeonato, como atleta e organizador, foi necessário para que ele continuasse na graduação. “Vindo de uma faculdade de exatas, eu tinha um dia a dia bem tenso de estudos, com muitas coisas para conciliar. Eu passei por momentos de muita pressão e via o handebol e o vôlei como um lugar onde eu podia estar com meus colegas, me permitia errar. É um ambiente que traz permanência estudantil.”

Eu não desisti da graduação muito por conta do BIFE, porque eu tinha que ajudar na organização e no esporte. Eu imagino que se eu só tivesse focado nos estudos, com certeza teria largado e nem iniciado o mestrado

Cléber Ribeiro

Para Renan Azevedo, vice-presidente do BIFE e estudante de Audiovisual na ECA, o campeonato é um espaço de construção de laços com diferentes pessoas na universidade: “o BIFE foi a melhor coisa que eu tive na minha graduação. Ele abre muitas portas pra gente, no sentido de conhecer pessoas, de ter contato. Acho que é algo que nada mais na USP consegue fazer”.

Novidades

“Neste ano vão ter muitas mudanças, a gente pegou um BIFE que, por conta do feriado, vai durar três dias”, anuncia Stefani. Além da mudança na duração da competição, esta será a primeira edição seriada do campeonato. “O modelo tradicional do BIFE é o modelo mata-mata e como temos muitas atléticas, a gente precisava de quatro dias para incluir um esquema de oitavas de finais, quartas de finais, semifinais e finais”, explica Renan. Dada a duração reduzida do campeonato, a organização do BIFE optou por selecionar as modalidades com mais inscritos e dividi-las em duas séries – A e B.

A mudança na estrutura dos jogos resultará em dois pódios diferentes nas modalidades seriadas, ou seja, haverá mais de um time vencedor. Para o vice-presidente, essa nova dinâmica será positiva para os times: “o BIFE seriado vai ser bom porque vai dar chance para muitas atléticas pequenas, que não costumam ganhar medalha. Vai ser legal ver atletas que costumam competir mais por amor ao esporte, conseguindo chegar ao pódio”.
Neste ano, o BIFE acontecerá entre os dias 15 e 17 de novembro em Batatais, cidade do interior de São Paulo. Os organizadores contam que a escolha da cidade da 24° edição foi um desafio, por conta da estrutura necessária para realizar os jogos e principalmente por ser ano de eleição.

“A gente é uma liga que se cobra bastante para entregar pro público algo de alto nível, tanto no esportivo quanto nas festas. Mas, temos que reconhecer que a gente é uma liga amadora, feita por pessoas da USP, atletas e alunos. Não tem nenhuma grande empresa por trás do inter. Então, tem essa parte que é bem trabalhosa da organização, mas no fim das contas é tudo muito divertido”, acrescenta o vice-presidente.

*Com edição de Mirela Costa