Local enfrenta problemas de infraestrutura e falta de atendimento de urgência, colocando em risco a saúde dos participantes

Por Diego Coppio, Felipe Bueno e Guilherme Ribeiro*
Todo ano a história se repete: o Bichusp é um campeonato esportivo em que os calouros representam seus institutos em doze modalidades. Organizado pela LAAUSP (Liga Atlética Acadêmica da Universidade de São Paulo) as competições ocorrem no Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP). O tradicional evento de início de ano, no entanto, é refém de um problema rotineiro: a falta de atendimento em casos de urgência no Cepê.
Em 2023, Felipe Tammaro, aluno do curso de Turismo da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), sofreu uma luxação em seu braço esquerdo durante um jogo de futebol de campo na competição. O estudante, que não conseguia se mover, conta que ficou cerca de 15 minutos deitado no gramado até a ambulância chegar ao local para levá-lo ao hospital.
Durante a espera, alunos da Fisioterapia que acompanhavam o campeonato fizeram o primeiro atendimento, mas, de acordo com Tammaro, não realizaram nenhum procedimento. “Nesse meio tempo, começou a chover. Eu fiquei deitado no gramado, esticado, debaixo de chuva”, afirma o aluno.
Ana Aires, Secretária da LAAUSP, afirma que a Liga divide a responsabilidade dos primeiros socorros no Bichusp com o CEPE. A LAAUSP realiza o aluguel da ambulância para as modalidades de campo, enquanto as praticadas nas quadras contam com o auxílio da Fisioterapia Pró-Seleção (Pró-S), projeto de extensão da Faculdade de Medicina da USP.
Entretanto, o atendimento foca em casos leves, como torções e luxações. Para lesões graves, a entidade apela para a fé: “Se acontece alguma coisa, a gente mesmo acaba levando para o HU ou oferecendo remédio”.
A gente reza para não dar problema na maioria das vezes. Se a gente não tem ambulância, o CEPE também não oferece muito
Ana Aires
Aires admite que a segurança na prática esportiva não é um tema muito discutido com a diretoria do Cepeusp. “Nós vivemos em uma linha tênue com a diretoria do CEPE. Você não pode ser ríspido ou cobrar demais porque talvez piore a relação. Nós cobramos melhorias das quadras, principalmente, mas ter um ponto de atendimento ou ambulância para socorrer não é um assunto que discutimos.”
Cepeusp responde
Questionado pelo JC, José Carlos Simon Farah, diretor do Cepeusp, respondeu por e-mail que, em caso de alguma ocorrência, deve-se procurar a portaria principal, onde há equipamentos para auxiliar o atendimento, como desfibrilador e cadeira de rodas. Segundo Farah, “a portaria aciona a Guarda Universitária, que em caso de lesões leves, levam para o Hospital Universitário. Se é grave, acionamos o SAMU”. Em outra mensagem, o Cepê pontua que não chegou ao conhecimento da direção nenhum questionamento sobre lesões.
O diretor explica que o local não possui nenhum funcionário da área da saúde para auxiliar. Há apenas professores com conhecimento básico de primeiros socorros e salva-vidas que intervêm quando necessário.
Problemas antigos
A falta de estrutura para atendimentos de urgência é a linha de chegada para um problema que muitas vezes está na largada. As condições das quadras são um fator de atenção constante para quem frequenta o espaço.

A reportagem do JC de setembro de 2024 entrevistou a diretoria do Cepeusp, que informou que a reforma das quadras estava prevista para este ano. Até a publicação desta matéria, não há indícios de reformas nas quadras, que seguem esburacadas. Também por e-mail, Farah se posicionou: ”Atualmente, o Cepeusp está realizando obras de manutenção e reparo, e temos planejamento de obras, que é compartilhado com a Reitoria”.
*Com edição de Natalia Tiemi