Situação com a marca da universidade extrapola o comércio e também causa empecilhos com institutos

Por Davi Caldas, Guilherme Ribeiro e José Adryan*
O uso incorreto da logomarca da Universidade de São Paulo têm se tornado uma prática cada vez mais comum, seja dentro ou fora dos campi. Além da própria instituição e as Unidades não respeitarem a padronização, existe também o comércio de produtos não licenciados. “Eu comprei pois era meu sonho passar na USP e quando passei eu queria mostrar isso”, comenta Antônio (nome fictício), estudante da Escola de Comunicações e Artes (ECA).
EXISTE UM PADRÃO?
O professor da ECA, Dorinho Bastos, foi um dos responsáveis pela padronização do logo, que aconteceu em 2013. Ele comenta que fez um levantamento de diferentes logos ligados à USP e chegou a mais de 300 símbolos. “A USP é grande o suficiente para ter uma equipe da Superintendência de Comunicação Social (SCS) que monitore o uso do logo. Grandes universidades como Harvard têm equipes para isso”, conta. A padronização aconteceu a partir de um estudo de 1996, que já alertava para a necessidade de uma coordenação entre as mensagens visuais que a USP emite.
Thais Helena dos Santos, da equipe editorial da SCS, comenta que no Jornal da USP sempre houve uma orientação interna sobre o uso correto da identidade visual da Universidade, apesar de não haver um documento oficial da instituição. “Só em 2023 que uma portaria publicada pelo reitor instituiu oficialmente os parâmetros para o uso da marca. Antes não existia nada oficial, só recomendações informais. Com isso, o uso interno pelas unidades melhorou bastante.”
Algumas Unidades ainda fazem uso incorreto do manual. E, mesmo na administração central, duas pró-reitorias, a PRCEU (Cultura e Extensão) e a PRIP (Inclusão e Pertencimento) privilegiam seus logos específicos em detrimento ao da USP.
ROUPAS E ACESSÓRIOS
Thais afirma que símbolos institucionais, como o brasão, fortalecem o reconhecimento da instituição e a conexão com o público. “Os estudantes querem usar uma roupa ou produto com o logo da instituição porque é uma forma de afirmar publicamente a nova identidade: ‘agora eu sou parte disso, eu consegui’”, pontua.
De acordo com a Superintendência do Espaço Físico da USP (SEF), caso algum produto encarado como pirataria esteja em circulação nos espaços comuns da Universidade, as prefeituras dos campi são responsáveis pela fiscalização. No interior das Unidades, cada uma delas fiscaliza.
A Procuradoria Geral e a SCS foram procuradas diversas vezes, mas não retornaram. A Prefeitura do Campus Capital-Butantã negou qualquer concessão ou mesmo autorização de comércio desses produtos. Ainda assim existem lojas que comercializam fisicamente materiais ligados à identidade visual da Universidade, como a USPapel ou a loja no Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE). Elas optaram por não responder ao JC, apesar das várias tentativas de contato.
*Com edição de Bernardo Carabolante