Retomada de iniciativas “verdes” deve dar incentivo a outras ações, defende docente

A recente retomada de ações “verdes” não modifica a necessidade de outras iniciativas  ambientais na USP. Essa é a opinião do professor Marcelo Pompêo, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB), que indica ainda medidas de fácil adoção, como o empréstimo de bicicletas para circulação interna e a criação de ciclovias no campus. Segundo  Pompêo, a USP deve aproveitar o conhecimento produzido na própria instituição em ações ambientais. “É necessário pensar como um grupo e usar o conhecimento dos próprios especialistas para montar uma estratégia dentro dessa ótica do meio ambiente”, sugere Pompêo.

Duas rodas

Uma das propostas apontadas pelo docente é a criação de bolsões de estacionamento para bicicletas. A ação traria uma garantia maior contra roubos ou danos e poderia incentivar alunos e professores que morem perto do campus a utilizar este meio de transporte. Porém, seriam necessárias ações para além disso. “A USP é grande, não dá para compreender que não tenha ciclovias. O objetivo da tentativa de proibição [de circulação de bicicletas] foi para impedir os ciclistas profissionais que utilizam a USP. As ciclovias resolveriam esses problemas e incentivariam os alunos a virem para a Universidade de bicicleta”, afirma.

Esta iniciativa poderia ser complementada com uma ligação entre a futura estação Butantã do metrô e o campus. “[A estação] não fica tão próxima. Os alunos terão de pegar um ônibus até a portaria e outro dentro do campus”, critica. De acordo Pompêo, uma solução viria com a locação de bicicletas, na qual os alunos poderiam pegá-las emprestadas com suas carteiras da USP e devolvê-las em locais próximos a suas unidades. “Uma medida simples e de baixo custo que poderia ser implantada”, aponta.

Reeducação ambiental

Pompêo faz ressalvas à implentação de canecas nos restaurantes da USP. Apesar do custo não ser elevado, há dificuldades na conscientização de uso e na manutenção da higiene das canecas. “Copos de plástico não precisam deixar de existir, mas poderia ser feita campanha de conscientização dos frequentadores para que cada um tenha sua caneca”, diz. “A própria Coseas poderia desenvolver campanha mostrando o quanto é gasto para fabricar [copos de plástico], a quantidade utilizada na USP e quais os custos ambientais”, diz.

O docente critica atitudes que visam apenas o aspecto econômico. “Se vamos pensar em ações para reduzir impactos ambientais, é uma política que tem de ser entendida como investimento e não um gasto ou custo que você põe na planilha e calcula como perda”, diz. Porém, ele acredita que certas ações já são um avanço na questão, como a reciclagem de materiais. “[Essas ações] vão na direção certa”, conclui.