Campus registra média de dois crimes por dia

Aumento das ocorrências fomenta discussões sobre a necessidade da Polícia Militar dentro da Cidade Universitária

O roubo de equipamentos da Poli (Escola Politécnica) e os dois arrastões em ônibus circulares – ocorridos em menos de uma semana no último mês de setembro – evidenciaram que nem o patrimônio material, nem os freqüentadores do Campus estão livres de investidas criminosas dentro da USP. O problema da segurança torna- se ainda mais complicado, visto que parte das soluções propostas são controversas.

Os casos do ultimo mês somam-se a outros 481 delitos, notificados pela Guarda Universitária neste ano até agosto. Entre eles estão 33 roubos e oito agressões. As ocorrências mais comuns (cerca de 60%) são furtos, ou seja, quando um objeto é subtraído, mas não há contato com o bandido. É preciso deixar claro, no entanto, que os números divulgados pela Guarda podem estar aquém da realidade: fora os casos que não são notificados, há ainda aqueles que ocorrem na região dos acessos, bem próximas dos portões, mas do lado de fora do Campus.

Saída da Vila Indiana é considerada por estudantes como um dos pontos mais perigosos (foto: Yuri Gonzaga)
Saída da Vila Indiana é considerada por estudantes como um dos pontos mais perigosos (foto: Yuri Gonzaga)
Polícia na USP

Para Ivan Falleiros, diretor da Poli, a única solução definitiva tanto para casos de pequenos furtos quanto para assaltos e agressões é a livre entrada da Polícia Militar na Cidade Universitária. “A Policia tem o papel constitucional que outros não podem ter. A Guarda não pode andar armada. E em vários casos, como o que aconteceu na Poli, nós estamos lidando com gente armada. Precisamos de polícia e rondas policiais”, declara.

Já a diretora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Sandra Nitrini, acredita que, embora a faculdade apóie iniciativas que melhorem a segurança, “não há necessidade de se alterar em nada a praxe já existente da PM: a de investigar e agir quando ocorrem situações que exijam sua intervenção”. Segundo o vice-diretor da unidade, Modesto Florenzano, a Faculdade considera adotar soluções mais preventivas, como o monitoramento eletrônico.

O Capitão Carlos de Almeida da PM, responsável pelas operações dentro do Campus, esclarece que não há nenhuma restrição para a entrada policial na USP. “Nós temos uma viatura que fica exclusivamente lá dentro, faz ronda 24 horas e passa pelos locais mais críticos”. Ele explica que mantém contato com os coordenadores de segurança do Campus e tem uma freqüência de rádio direta com a Guarda, utilizada para atender qualquer tipo de ocorrência. No entanto, acredita que “é muito mais eficaz recorrer ao 190 do que passar por uma guarita e, depois, para a base da Guarda para, no fim, falar com policiais”.

Embora admita que o levantamento da guarda seja mais completo que o da polícia, o Cap. Almeida não pode utilizá-lo para suas operações por não ser oficial. Logo, ele pede que, para uma melhora na coordenação de ações, as pessoas não deixem de fazer Boletins de Ocorrências nas delegacias mais próximas. O telefone de emergência da Guarda é o 3091-4222. E o serviço de denúncias anônimas, no site da guarda: www.usp.br/vigilancia.