Para professor, Brasil não discute clima internamente

“O Brasil tem mostrado ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento com preservação ambiental. O Brasil terá protagonismo na conferência de Copenhagen”. A declaração anterior, do atual Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mostra o quanto o Brasil quer se aproveitar de seu potencial na questão ambiental para fortalecer sua imagem no exterior.

Neste mês de dezembro, a cidade dinamarquesa de Copenhage recebe a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que visa, principalmente, imprimir metas e limites de emissão de gases poluentes aos países mais ricos do planeta.

Apesar dessas demonstrações de interesse no trato com a questão ambiental lá fora, quando se olha para dentro do país o mesmo parece não se repetir. Ao menos é o que defende o professor Cristiano Luiz Lenzi, especialista em sociologia ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Segundo ele, falta um debate mais amplo dentro do próprio país. “Só se discute quando aparece uma reunião como Copenhague. Quando isso acaba, o debate ambiental interno desaparece. Tínhamos que ter uma agenda ambiental própria.”

Para Lenzi, a legislação ambiental do país é avançada, mas o problema reside na sua aplicação. “A nossa capacidade de colocar a legislação em prática é mínima”.

Segundo o professor, o Brasil apresenta um potencial ambiental por razões históricas. “O Brasil tem uma base de energia hidrelétrica que hoje é vista como crucial para o debate sobre o aquecimento. Então, de alguma forma, esse histórico do Brasil em ter optado por essa base energética está coincidindo com o debate sobre a política climática. Com o Biodiesel acontece o mesmo, deve-se à tradição”.


Brasil em pontos fortes e fracos

Que oportunidades o país pode aproveitar com a ‘onda verde’ e que recentes eventos mancharam a reputação verde-amarela

Pontos fracos

Violência

Em outubro, um helicóptero da polícia foi abatido por traficantes no Rio de Janeiro. O caso ocorreu 15 após a cidade ser escolhida como sede dos jogos olímpicos de 2016.

Corrupção

O Brasil é só o 75° colocado no ranking da organização Tranparência Internacional, empatado com países como Colômbia e Peru. A Somália, 180° lugar, é considerada o país mais corrupto do mundo.

Apagão

Na noite de 10 de Novembro, uma falha na usina de Itaipu deixou 18 estados brasileiros e parte do Paraguai sem energia. Isso questiona a eficiência da infraestrutura do país.

Geisy Arruda

O caso Geisy Arruda, expulsa da Uniban por usar vestido curto, levanta perguntas sobre moralismo num país famoso por seus biquinis cavados.

Pontos fortes

Etanol

A opção mais barata e eficiente de energia verde disponível no mercado constará cada vez mais na tabela de exportações do país.

Matriz Energética

85% da matriz energética brasileira é proveniente de fontes renováveis – e ainda há potencial para tornar esse número maior. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açucar, a cogeração de energia por meio do bagaço da cana representa um potencial.

Florestas nativas

Mecanismos como o REDD – Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação – possibilitarão financiamento a paises que mantiverem suas florestas em pé.

Biomassa

Uma vantagem comercial para o país é a possibilidade de exportar biomassa para as termoelétricas européias, que estão em processo de substituição do carvão mineral e do gás natural.