Filme produzido por aluna de jornalismo homenageia regente do Coral Eco e ganha espaço no circuito alternativo
O documentário Bravo!, da jornalista Christiane Kokubo, foi um dos filmes selecionados para exibição no XI Festival de Documentales Santiago Alvarez in memorian em Santiago de Cuba. O Brasil foi o país homenageado nessa edição do festival que ocorreu entre os dias 8 e 13 de março.
O filme de Christiane resulta de seu trabalho de conclusão de curso em jornalismo na Escola de Comunicação e Artes (ECA), sob orientação do professor Renato Levi. Bravo! já foi apresentado no festival Cine Vitrine promovido pelo Museu Brasileiro de Escultura (Mube) e recebeu convite para participar da pré-seleção para o Jihlava International Documentary Film Festival, na República Tcheca. O filme narra a trajetória do Coral Eco, onde a diretora cantou por 12 anos, e presta homenagem ao seu fundador e atual regente, o maestro Teruo Yoshida.
Coral de excelência
Yoshida fundou o coral Eco em 1968, três anos depois de chegar de Tóquio ao Brasil. Em seus 42 anos de existência, o Eco firmou-se como um coral infantil de excelência. Foi duas vezes premiado como melhor conjunto vocal pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, participou de concertos e integrou o elenco de óperas importantes como Tosca, Carmen e La Bohème, levadas no Teatro Municipal de São Paulo.
Formado atualmente por crianças de 4 a 15 anos, o Coral Eco foi prestigiado com canções originais exclusivas de importantes compositores brasileiros como Osvaldo Lacerda, Sergio Vasconcellos Côrrea, Mário Ficarelli e Edmundo Villani-Côrtes. Todos eles estão presentes no documentário, o qual também traz depoimentos dos maestros Jamil Maluf, Benito Juarez e Carlos Moreno, da regente Naomi Munakata, dos professores Marco Antônio Ramos e Mara Campos e de vários ex-integrantes do coral.
Música e crianças
A produção de TCCs em vídeo com melhor qualidade técnica tem sido favorecida, segundo Renato Levi, pelo maior acesso a mecanismos de produção como câmeras e outros equipamentos. Segundo ele, o filme de Christiane acompanha a tendência de produções audiovisuais acadêmicas bem sucedidas em festivais e mostras como ocorreu com os documentários Antes, um dia e depois (2006) de Caio Cavechini e Sneakers, entrando de sola na cultura urbana (2008) de Edson Soares, ambos TCCs do curso de jornalismo da ECA.
“Apesar de ser um tema extremamente pessoal, quer dizer, a trajetória desse maestro que fundou esse coral e dela como participante desde criança, o filme acaba dialogando com outros assuntos interessantes, como a questão da disciplina japonesa e da integração da colônia”, diz Levi. O professor credita o sucesso do filme à combinação equilibrada de temas. “Ela consegui dosar esses elementos: a questão pessoal, a questão musical, a questão da disciplina, da integração.”
“Você pode usar o filme para fazer uma análise do Japão, de música, de disciplina, de cultura japonesa no Brasil”, salienta Christiane Kokubo, embora ela atribua o sucesso de Bravo! a outras razões. “Comecei a pensar que as pessoas gostavam porque o filme tem crianças e música”, afirma ela. “O fato de haver crianças e música é simpático, é uma história alegre. No final, as pessoas terminam o filme com um sorriso.”